Mulheres no campo lideram novas fontes de renda

Olá Jornal
outubro15/ 2022

No próximo sábado, 15, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Rural. A data busca oportunizar o debate sobre o papel feminino na agricultura, em especial no Brasil. Atualmente cerca de 19% das propriedades rurais do país têm mulheres como proprietárias (Censo 2017). Mais do que a liderança, representantes do setor apontam que a presença feminina no campo tem garantido novas oportunidades de negócios aos agricultores.

Na região do Vale do Rio Pardo, onde a cultura do tabaco é a principal nas pequenas propriedades, os estímulos para diversificar as propriedades ocorrem desde o fim dos anos 1990. Mas é a partir das mãos das mulheres que as propriedades recebem novas fontes de recursos, segundo aponta o chefe do escritório venâncio-airense, engenheiro agrônomo Vicente Fin.

“A mulher tem instituído nas propriedades formas de complementação da renda. Além de todo o gerenciamento das propriedades, as mulheres também estão buscando formas de garantir mais renda aos agricultores. São elas que lideram as agroindústrias, produção de morangos, hortaliças e culturas alternativas. Há exemplos também de sucessão rural, feita em Venâncio Aires, onde as mulheres passam a liderar. A tendência é de crescimento das mulheres como chefes das propriedades,” destaca.

Venâncio Aires conta com 4,3 mil propriedades rurais atualmente, com média de 12 hectares por estabelecimento produtivo. Deste total, apenas 443 propriedades, em 2017, tinham mulheres como proprietárias das terras. Apesar do valor menor, em 10 anos houve crescimento de 12% nestes dados, segundo apontou o IBGE.

“A mulher tem liderado os negócios em paralelo nas propriedades, garantindo aumento da renda da família a partir de produções, beneficiamento de produtos e criação de agroindústrias. Esse empreendedorismo no campo, em paralelo às lavouras da região, é encabeçado pelo público feminino,” afirma Fin.

DESAFIOS
Segundo a coordenadora de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Regional Sindical Vale do Rio Pardo e Baixo Jacuí da FETAG-RS, Salete Faber, atualmente 40% das pequenas propriedades rurais da região são chefiadas por mulheres. “Hoje a grande maioria das propriedades são geridas pelo núcleo familiar, e são 40% chefiadas por mulheres. De alguns anos para cá foram criadas políticas públicas de apoio às mulheres rurais, entre eles Pronaf investimento e custeio, específicos para contratação por mulheres. Neste sentido, a mulher tem a visão de ter uma agroindústria ou a gestão melhorada da propriedade, e para isso foram disponibilizados recursos.”

Apesar dos programas de crédito, ainda o maior volume de contratações é feito por homens, segundo a coordenadora. “Os números ainda são baixos na contratação de financiamento, o maior volume de financiamentos é feito por homens. A força de trabalho da mulher rural está ligada desde a produção de tabaco, alimentos, agroindústrias, cooperativas de alimentos, o que mostra o quanto as mulheres são protagonistas,” ressalta.

Salete destaca ainda que a maior parte dos sócios de sindicatos de trabalhadores rurais são mulheres. “Quando ocupam espaços em diretorias, clubes de mães, sindicatos, entendem a necessidade de políticas públicas de apoio e proteção das pessoas, sejam com medidas de saúde, recursos, habitação e educação,” comenta.

A representante sindical lembra que o principal desafio, atualmente, envolve as ações de combate a violência. Para isso, a coordenação da mulher rural, junto com vereadoras, trabalha na criação de uma casa de acolhimento para receber estas vítimas. “A violência contra as mulheres é um paradigma que precisamos unir forças para combater e garantir medidas de apoio para aquelas que sofrem com este tipo de violência,” finaliza.

CRESCIMENTO
Segundo estudos da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o perfil das mulheres que atuam no agronegócio brasileiro é de alta escolaridade, com cerca de 60% possuindo curso superior e cerca de 88% tendo independência financeira. As mulheres já lideram 31% das propriedades rurais brasileiras. É um número apenas ligeiramente abaixo da média nacional que diz respeito às mulheres presentes em cargos de gerência no mercado de forma geral: em 2019, o IBGE estipulou que 38% dos cargos gerenciais do Brasil eram encabeçados por mulheres.

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