Organizações membros da Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA) da Argentina, Brasil, Índia, Malawi, Tanzânia, EUA, Zâmbia e Zimbábue, e partes interessadas do setor do tabaco da Bulgária, Portugal, Polónia, África do Sul e Suíça reuniram-se em Dar es Salaam, Tanzânia, para a Assembleia Geral Anual da ITGA de 2023. O evento foi acolhido pelo ministro da Agricultura da Tanzânia, Hussein Bashe. Durante a Sessão do Dia Aberto, o foco principal foi colocado nas práticas de governança social e ambiental (ESG) e no impacto socioeconómico positivo do tabaco nas comunidades rurais.
O presidente da ITGA, José Javier Aranda, reafirmou o seu apelo aos governos para considerarem os produtores de tabaco como parceiros fundamentais, tendo em conta a importante contribuição da produção de tabaco como gerador de rendimentos significativos e como fonte de milhões de empregos em toda a cadeia de abastecimento. Falando sobre a Tanzânia, Aranda observou: “O tabaco está entre as cinco principais culturas de rendimento do país, empregando mais de dois milhões e meio de pessoas e gerando cerca de 180 milhões de dólares por ano em receitas de exportação. A Tanzânia está, atualmente, entre os 10 maiores países produtores do mundo.” Aranda acrescentou que “os produtores de tabaco operam num mercado legal e o tabaco é um dos produtos mais regulamentados”. O Presidente da ITGA também destacou a falta de alternativas reais à produção de tabaco. “O tabaco continua a ser uma das principais culturas de rendimento na maioria dos países onde é cultivado. Atualmente, não há espaço para a substituição deste cultivo e apenas as culturas complementares podem ser consideradas como uma forma de transição a longo prazo, desde que existam as oportunidades certas no mercado”. A ITGA e os parceiros da cadeia trabalham em conjunto, encorajando o envolvimento ativo dos produtores em iniciativas sociais e ambientais no setor. A conformidade e a aplicação de boas práticas sociais e ambientais devem ser vistas como uma oportunidade para uma produção sustentável de tabaco, para que os mercados se mantenham competitivos no futuro.
A crescente pressão regulamentar sobre a indústria do tabaco foi outro dos principais pontos de discussão durante a conferência. Entre os tópicos, a Diretiva relativa à devida diligência da cadeia de abastecimento na União Europeia (UE) exigirá total transparência na origem social e ambiental dos produtos importados para a UE. Prevê-se que a diretiva entre em vigor em 2024.
As tendências da regulamentação indicam que os mercados cumpridores terão melhores oportunidades para posicionar os seus produtos e manter-se estáveis a longo prazo. Durante esta sessão ESG da ordem do dia, os produtores de tabaco foram incentivados a participar ativamente nesta transformação e a apropriar-se de iniciativas nas suas comunidades. Desde que estejam reunidas as condições adequadas, estes esforços contribuirão para a viabilidade econômica do setor a longo prazo.
Na Conferência das Partes (COP 10) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da Organização Mundial de Saúde (OMS), que acontecerá no Panamá de 20 a 25 de novembro, pode-se esperar uma abordagem negativa ao sector. A CEO da ITGA, Mercedes Vázquez, enfatizou as mensagens prioritárias dos produtores de tabaco na agenda da COP10. “Por um lado, a ITGA, como única associação mundial de produtores de tabaco, aguarda com expectativa a evolução do artigo 17 (alternativas economicamente viáveis à cultura do tabaco), porque tem um impacto direto na produção de tabaco e, até agora, não há provas de que existam alternativas à produção de tabaco. Por outro lado, estamos a insistir na inclusão dos agricultores na discussão, o que tem sido negado pela CQCT da OMS há quase 20 anos. Nem mesmo a divulgação de informações é aberta ao público. A CQCT da OMS não está a realizar as suas conferências de forma transparente. É expetável que as acusações infundadas contra o setor sejam reforçadas durante a COP10, subestimando as consequências devastadoras de uma regulamentação desequilibrada para os meios de subsistência de milhões de agricultores.” A ITGA solicitou o estatuto de observador na COP10, mas até agora não obteve resposta. Além disso, foi mesmo negada à ITGA a participação no workshop online organizado pela FCTC da OMS no próximo dia 6 de novembro para lançar um conjunto de ferramentas para o artigo 17.
Thomas Verryn, da Euromonitor International, apresentou uma panorâmica abrangente das últimas tendências do consumo de tabaco. Em 2022, o que poderia ser o resumo da indústria do tabaco é a estabilidade do volume dos cigarros tendo em conta o crescimento equilibrado na Asia-Pacífico e América Latina frente à diminuição significativa nos países mais desenvolvidos (Europa – EUA). Nas categorias de produtos emergentes, espera-se que o tabaco aquecido consolide a sua posição como categoria líder, uma vez que a turbulência regulamentar no vapor eletrónico continua e as bolsas de nicotina (nicotine pouches) lutam para se expandir.
No mercado global de folhas, Ivan Genov, analista de mercado da ITGA, explicou que, em 2023, foi registado um crescimento significativo da produção em alguns dos maiores mercados produtores de tabaco – China, Brasil, Zimbabué, Maláui e Índia -, enquanto os países mais desenvolvidos da Europa e dos EUA continuam a sofrer declínios.
As atuais estratégias de diversificação das principais organizações da ITGA foram postas em destaque. Em particular, como as culturas complementares serão essenciais a longo prazo e como o envolvimento em iniciativas agrícolas mais amplas, como a feira Expoagro Afubra. da Associação dos Fumicultores do Brasil, expandiu os horizontes dos produtores e da agricultura familiar.
AFUBRA – O presidente da Afubra, Marcilio Drescher, acompanhado pelo segundo-tesoureiro Benício Werner, participou na Assembleia. “A Assembleia Anual da ITGA é muito importante, pois conta com a participação de todos os países que produzem tabaco que trazem informações sobre o setor, numa união de esforços pela cadeia. Voltamos com dados sobre a cultura do tabaco do mundo todo o que nos dá um cenário e nos orienta acerca de oferta e demanda do produto”, disse Marcilio ao enfatizar a importância de todos os países produtores serem integrantes da Itga.
CRÉDITO: AI Afubra