Vendas de tabaco para os EUA caem em agosto, mas acumulado do ano mantém alta

Olá Jornal
setembro16/ 2025

As exportações de tabaco brasileiro para os Estados Unidos registraram queda em agosto de 2025, primeiro mês de vigência da tarifa adicional de 50% imposta pelo governo americano. Foram embarcadas 2.823 toneladas, totalizando US$ 15,3 milhões em vendas, abaixo dos anos anteriores: 3.292 toneladas em agosto de 2024, 4.022 toneladas em 2023 e 7.974 toneladas em 2022. A medida tarifária, anunciada pelo governo dos EUA, começou a valer em 06 de agosto.

A antecipação dos contratos antes da entrada em vigor da tarifa evitou um impacto imediato mais severo sobre o setor. Com isso, o acumulado de janeiro a agosto de 2025 permanece positivo, com 27.686 toneladas exportadas e US$ 173,1 milhões faturados, contra 26.892 toneladas e US$ 168,8 milhões no mesmo período de 2024, mostrando que o setor conseguiu manter o crescimento, apesar da nova barreira comercial.

O presidente do Sindicato da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Valmor Thesing, explicou durante a 48ª Expointer, em Esteio, que cerca de 16 mil toneladas de tabaco permanecem estocadas no Rio Grande do Sul, aguardando decisões sobre negociações de revisão das tarifas. “As indústrias aceleraram os embarques para os EUA antes da sobretaxa, mas os importadores suspenderam novas compras devido à taxa de 50%”, disse.

Os Estados Unidos, terceiro maior comprador do tabaco brasileiro, recebem cerca de 40 mil toneladas anualmente. Até julho de 2025, 60% do volume previsto já havia sido enviado, fruto dessa antecipação. As 16 mil toneladas restantes representam apenas 1% da produção anual do país e poderão ser destinadas a outros mercados, caso não haja acordo para reduzir a tarifa. Segundo Thesing, a experiência dos últimos dois anos, marcada por problemas climáticos que reduziram a oferta global, aumenta as chances de escoamento desse estoque.

Quanto às variedades, o tipo Virgínia, predominante na produção brasileira, possui maior flexibilidade para comercialização internacional, o que deve facilitar o remanejamento das 30 mil toneladas previstas para o ano. Já a variedade Burley, com baixo teor de açúcar e alto teor de nicotina, encontra demanda mais restrita fora dos Estados Unidos, tornando o desafio mais complexo para os produtores.

O impacto histórico da tarifa pode ser visto ao comparar os números de agosto ao longo dos últimos anos: em 2022, foram exportadas 7.974 toneladas, totalizando US$ 40,8 milhões; em 2023, 4.022 toneladas e US$ 23,5 milhões; em 2024, 3.292 toneladas e US$ 23,4 milhões; e agora em 2025, 2.823 toneladas e US$ 15,3 milhões. Esses dados mostram a tendência de queda mensal após a implementação da sobretaxa, mesmo com o crescimento acumulado do ano.

Para o setor, as próximas decisões sobre negociações bilaterais e possíveis acordos tarifários serão determinantes para o destino do estoque e para a manutenção da competitividade do tabaco brasileiro no mercado internacional, sobretudo nos Estados Unidos, que seguem como parceiro estratégico na exportação do produto.

FOTO: Divulgação/AI SindiTabaco

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