A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) pode iniciar pesquisas para avaliar, de forma científica, os produtos com tabaco aquecido. Os sistemas são apontados como novos dispositivos para fumar, com interesse no mercado brasileiro. Para o Vale do rio Pardo a medida anunciada pelo reitor da instituição, se torna aliada, especialmente porque boa parte do tabaco consumido no mundo passa pela região. As pesquisas buscam analisar o quanto os produtos sem queima de tabaco são prejudiciais ou não, quando comparado ao cigarro convencional.
O assunto ganha força, especialmente neste ano, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), projeta definir uma regulação ou manutenção da proibição de produtos eletrônicos para fumar. Para a indústria regular, o debate engloba produtos sem queima, mas que levam tabaco. Diferente dos populares vapers, que utilizam nicotina líquida ou essências.
O ano é decisivo para o mercado de novos produtos para fumar, no Brasil, e pesquisas sobre estes produtos devem ganhar força. “Estamos em uma região fumageira, pra nós faz muito sentido realizar pesquisas sobre estes novos produtos e ajudar a discutir o tema. Nós temos obrigação de fazer pesquisa em cima disso,” destaca o reitor Rafael Henn.
Esta não é a primeira vez que a estrutura de pesquisas e análises da Unisc é utilizada com foco em empresas do setor do tabaco. A instituição já é referência em diversos estudos voltados ao setor de agronomia. A instituição mantém um dos principais laboratórios de análises de solos da América Latina. “Temos muitos trabalhos com várias empresas do setor, este será mais um segmento de pesquisas incluído nos nossos serviços de produção cientifica,” explica Henn.
CAMINHOS
Conforme o docente, atualmente a instituição discute com empresas interessadas a metodologia das pesquisas e formatos de análise. “Temos um desafio para estas análises porque estamos falando de produtos que não possuem regulamentação no Brasil. Para isso, são necessárias autorizações especiais junto à Receita Federal e demais órgãos sanitários, buscando garantir amostras para pesquisas sobre o assunto.”
Além dos espaços de laboratórios e centrais analíticas da universidade de Santa Cruz do Sul, também poderão ser realizadas parcerias com outras instituições para avançar nos debates científicos sobre o tema.
Atualmente, a maior parte das pesquisas científicas sobre os novos dispositivos para fumar, apontando menor risco para a saúde dos fumantes, ou alternativas para o consumo de tabaco, são desenvolvidas por instituições internacionais. Estes resultados e análises acabam dificultando os debates em âmbito nacional, já que os órgãos de fiscalização buscam por referências brasileiras para direcionar caminhos regulatórios. Além disso, outro agravante é que estudos das empresas, que comprovam redução de 95% dos riscos, não são aceitos pela Anvisa.