A suspensão de investimentos na Rússia de três gigantes do tabaco com operações no Brasil acende o alerta no mercado por aqui. A Philip Morris Internacional (PMI) suspendeu investimentos e ativou planos para reduzir operações de fabricação na Federação Russa. A Japan Tobacco International (JTI) também suspendeu investimentos e não descarta parar as operações. Já a British American Tobacco (BAT), da qual a ex-Souza Cruz no Brasil é subsidiária, anunciou que não terá mais presença na Rússia.
Embora ainda incerto até mesmo por parte das empresas, o cenário brasileiro deve sentir os reflexos das decisões tomadas devido ao conflito com a Ucrânia. Isso porque nos últimos cinco anos foram direcionados para o mercado russo, em média, 23 mil toneladas por ano, o que representou 4,7% dos embarques totais de tabaco no Brasil. Já para a Ucrânia, a média dos últimos cinco anos foi de 7,5 mil toneladas ao ano, chegando a 1,5% das exportações totais de tabaco.
Para o presidente da Câmara Setorial da Cadeira Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider, poderá haver sobra de produção. “Será preciso conquistar outro mercado para absorver a produção que ia para lá. Outra dificuldade que poderá trazer será até um problema no preço praticado”, prevê.
OPORTUNIDADE
Na visão do professor de Economia do Departamento de Gestão de Negócios e Comunicação da Unisc, Heron Begnis, países que já possuem operações solidificadas poderiam atender mercados da Ásia e leste europeu. “Assim como a Rússia o leste europeu e a Ásia constituem os maiores mercados atuais para os cigarros convencionais, deste modo, frente ao recuo da produção na Rússia o caminho natural para os investimentos na fabricação de cigarros teria como destino países como a China, Índia, Vietnã, Filipinas, Romênia, Polônia e Sérvia”, avalia.
No curto prazo, poderia ocorrer o aumento da produção para exportação empregando as estruturas já existentes no Brasil, segundo Begnis. “No entanto, o Brasil tem apontado forte redução no consumo nacional de cigarros (além da concorrência desleal do contrabando), o que desestimula investimentos na produção de cigarros no país.”
Para a PMI a Rússia representou quase 10% do volume total de remessas de cigarros e unidades de tabaco aquecido e cerca de 6% da receita líquida total. Para a BAT, em 2021, a Ucrânia e a Rússia representaram 3% da receita do grupo. Já para a JTI o país é um dos maiores mercados com quatro fábricas que empregam cerca de 4.000 pessoas.