A abertura oficial da colheita do tabaco dá o pontapé inicial de um novo ciclo produtivo. O ato simbólico realizado na última sexta-feira, 08, marca também o movimento intenso das lavouras e depois nas indústrias. Este envolvimento é mercado por expectativa de valorização da produção. A demanda de mercado pelo tabaco brasileiro e a redução dos estoques internacionais podem valorizar o principal produto de exportação do Vale do Rio Pardo. No comércio exterior o quilo do tabaco brasileiro em folhas está em alta, negociado a US$ 8,02, crescimento de 19,7% se comparado a 2023.
O movimento de valorização do produto brasileiro em 2024 deve seguir ao longo do próximo ano, é o que apontam as entidades ligadas à cadeia produtiva do tabaco. Para o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Marcílio Laurindo Drescher, a expectativa é de uma boa safra.
“O que a gente vê até agora no campo é que tem lavouras bem constituídas, apresentando qualidade. Esperamos que o clima colabore, que isso continue, para ter uma produtividade normal. Ao contrário do ano passado, que teve uma quebra de mais de 20%.”
Para a valorização da produção de tabaco que está no campo, o aquecimento nas exportações, pela demanda internacional do produto brasileiro, pode refletir no melhor preço pago ao produtor. “Nós temos constatado que a exportação agregou em torno de 20% em números redondos, no preço negociado pelo quilo. Isso vem a agregar uma remuneração melhor, inclusive daquele tabaco que foi comprado com preço acima da tabela no ano passado. Então está sendo conquistado aquilo que a gente sempre torcia, que a venda do nosso produto tem que ser valorizado para poder valorizar a compra do produtor também,” destaca.
A Afubra realiza a projeção de produção e área plantada, os dados ainda estão sendo compilados e devem ser apresentados até o fim deste mês. A estimativa aponta para aumento da área plantada e leve crescimento no número de famílias produtoras. O Rio Grande do Sul fechou a produção em 219.992 toneladas na safra passada. O estado participou com 43,3% na produção sul-brasileira, com uma área de 125.996 hectares (7,1% a mais), produzidas por 68.582 famílias produtoras.
EXPECTATIVA
A expectativa de resultados positivos para as receitas geradas no campo na atual safra também são apontadas pelo presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider. Conforme o dirigente, a safra 2024/2025 se desenha para crescimento da produção e de receitas geradas.
“Teremos uma produção maior do que no ano passado. Pelo aumento de área plantada, porque no ano passado já teve aumento de área plantada, mas não se concretizou no volume de tabaco produzido. E esse ano teremos uma área maior novamente e certamente pelo andar da carruagem teremos uma produção bem mais elevada do que na última safra. Isto poderá eventualmente influenciar na questão do mercado, da comercialização,” comenta.
Schneider destaca que com aumento nos valores negociados no mercado internacional, poderá ocorrer valorização do preço pago ao produtor. “Pela situação que a gente sabe do estoque do tabaco no mundo, talvez seja uma safra tranquila novamente como foram as duas últimas. A projeção atual do próprio SindiTabaco é de um aumento importante nos negócios internacionais, na parte financeira. Poderá eventualmente influenciar nos preços,” reforça.
NEGÓCIOS
O presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing, afirma que os negócios internacionais com tabaco devem ser os melhores dos últimos 10 anos. “Com o aumento do dólar a exportação pode registrar crescimento de 20% a 25% nos negócios. Pela tendência devemos alcançar US$ 3 bilhões em vendas com tabaco e seus produtos. Até outubro esse valor chegou a US$ 2,4 bilhões. Com a expectativa que nós temos de exportação agora para novembro e dezembro, acreditamos que os negócios vão chegar a US$ 3 bilhões ou perto disso,” comenta.
TABACO EM FOLHAS
Os negócios com tabaco em folhas representam mais de 90% das vendas internacionais com produtos do setor. Foram US$ 1,96 bilhão em vendas entre janeiro e outubro, alta de 0,3% se comparado ao mesmo período do ano passado.
O volume exportado soma 245.443,5 toneladas, queda de 16,2% ao longo de 2024. No ranking das exportações totais do Brasil, o tabaco em folhas aparece na 25ª posição, entre os principais negócios internacionais do país.