A estratégia de redução de danos no tabagismo é apresentada como uma possibilidade para auxiliar na prevenção de causas evitáveis de morte cardiovascular. A alternativa é defendida pelo cardiologista Guilherme Velho que vê na tecnologia de tabaco aquecido um aliado promissor para a prática no consultório.
“Estudos têm nos mostrado, ainda de maneira não conclusiva, mas nos dando vários indícios de redução de danos, que esses dispositivos entregam uma quantidade de toxinas muito menor do que o cigarro convencional, em torno de 95% menos. Como o malefício do cigarro tem a ver com a carga de tabágica ingerida, o quanto de combustão aquele indivíduo armazenou ao longo da vida, se a gente diminuir a exposição a este toxígenos, por consequência a gente vai estar diminuindo o desenvolvimento dessas doenças é isso que se espera e é isso que os próximos estudos vão nos mostrar”, explica.
Atuante como cardiologista do Hospital São Lucas da PUC-RS, coordenador dos departamentos de eletrocardioterapia e cardiopatia clínica isquêmica e como preceptor do programa interno de cardiologia, ressalta que apesar do tabagismo ser o principal fator modificável das doenças cardiovasculares, a principal causa evitável de morte por doença cardiovascular, o tema redução de danos é muito pouco abordado. “Esse tema não é abordado no consultório, em hipótese nenhuma e hoje o que a gente tem relacionado a dispositivo eletrônico no Brasil amplamente comercializado de maneira irregular são dispositivos feitos sabe se lá onde”.
Segundo o cardiologista, 80% dos fumantes desejem parar de fumar mas apenas 3% conseguem fazê-lo por si mesmos e 7% se mantêm abstinentes. A taxa de sucesso de abstinência pode aumentar em 15% a 30% com a utilização de intervenções psicossociais e farmacológicas que demandam proximidade com o paciente, o que se torna inviável no SUS. “Não existem serviços estruturados de acompanhamento para fazer a pessoa parar”, afirma.
Frente ao custos do tabagismo na saúde de cerca de R$ 125 bilhões por ano, o profissional defende a discussão madura do tema. “Essa é uma discussão extremamente importante não só para a abordagem individual de redução de danos mas como abordagem coletiva. Os dispositivos aquecidos se eles entregarem pelos menos uma parte do que eles prometem, já seria muito promissor. A gente tem visto isso em países que adotaram como Reino Unido, Japão, Itália. Esse países devem servir como espelho quando a gente levanta essa pauta dentro do Brasil. Não faz sentido a gente não abordar esse tipo de discussão”, conclui o médico.
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