A direção do Partido dos Trabalhadores (PT) de Venâncio Aires encaminhou nota sobre a prisão do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. O partido destacou os avanços alcançados durante os governos de Lula e Dilma no documento. Segundo o presidente da sigle, Cesar Schumacher, não é aceitável a atuação política de setores do Judiciário e da Polícia Federal, que foram determinantes no desfecho da crise, iniciada durante o Impeachment, em 2016. A nota encerra afirmando que a justiça prendeu não só o ex-presidente, “prenderam o sonho do povo brasileiro de ter direito de crescer e ser feliz,” destaca.
Confira a nota na integra:
Preso Político
Como já era previsível, nesses tempos estranhos em que vivemos, cumpriu-se mais uma etapa do nefasto processo político/judicial/midiático iniciado em 2014 quando da re-eleição de Dilma Rousseff, que teve seu mandato legitimado por 54 milhões de brasileiros. Estes brasileiros não foram reconhecidos pelo senador da república Aécio Neves, derrotado na eleição, o qual proferiu a famosa frase “Vamos fazer este governo sangrar”. O final do primeiro mandato foi marcado pelo nível recorde de empregabilidade, o qual caiu vertiginosamente no ano de 2016. Quem sangrou, não foi apenas o governo. Foi o Brasil e seu Povo, de todas as camadas sociais.
Logo após o pleito, foi solicitada a recontagem de votos, a urna eletrônica foi colocada sob suspeição, e a pauta do congresso foi tomada pelas chamadas “pautas bombas”, lideradas pelo então Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, só para citar alguns dos primeiros atos que culminaram com o processo de impeachment da primeira presidenta do Brasil, sob frágil acusação de prática de pagamentos sem previsão orçamentária, algo aceito até então, praticado por outros governantes e imediatamente autorizado oficialmente, após a conclusão do processo de impeachment.
O processo se desencadeou em um momento de recessão econômica, agravado por uma crise mundial, aliada ao desequilíbrio das contas públicas motivadas pela instabilidade política do congresso, onde as pautas bombas barravam projetos necessários e aprovavam projetos que claramente prejudicariam a administração publica. Esta conjuntura, aliada com a condução da operação lava jato, as denúncias sobre a corrupção público/privada e a atuação da mídia nacional, levaram milhares de pessoas às ruas, buscando pressionar o governo tendo o combate à corrupção como principal bandeira. A pressão popular é comum à democracia e é legítima a apresentação de demandas. O que não é normal nem aceitável é a atuação política de setores do judiciário e da polícia federal, que foram determinantes no desfecho da crise. A parcialidade de parte da mídia não é uma novidade, e se em outros tempos contribuiu para a queda de João Goulart e levou Getúlio Vargas ao suicídio, nesse momento fez uma cruzada contra um grupo político.
Após o impeachment, foram empossados junto com Temer, todos os que estavam na sistemática oposição ao governo Dilma. Formado o novo governo e sob o pretexto de necessárias reformas, propôs-se inicialmente as reformas trabalhista e previdenciária como a saída imediata para redução do desemprego no caso da primeira. Entretanto, os últimos dados do IBGE mostram o contrário, e são agora 13 milhões de brasileiros nessa condição. Já a segunda, foi abandonada pela fragilidade de apoio parlamentar. A reforma da previdência foi alvo de uma CPI presidida pelo Senador Gaúcho Paulo Paim, onde foi demonstrado que não existe déficit no sistema previdenciário, mas sim uma evasão fiscal por meio de dívidas perdoadas através de programas de REFIS, ou sonegação fiscal, onde soma-se algo em torno de 460 bilhões em dívidas executáveis. Uma agenda recessiva de redução de investimentos públicos, o fim de programas sociais, a drástica redução de orçamentos nas áreas de saúde e educação, aumentaram o caótico problema da saúde e da segurança pública no país. Some-se a isto a elevação de preços dos combustíveis, do gás de cozinha e da energia elétrica. Escândalos de corrupção são semanais. Não surpreende o alto índice de reprovação popular ao governo Temer. Entretanto, considerando o fator que foi o principal agente de desestabilização do governo Dilma, agora o silêncio das ruas soma-se ao esforço da mídia em mostrar uma recuperação da economia que, na verdade, não chegou à maioria dos brasileiros. No ano de 2017 houve ganho de renda para os setores sociais mais abastados e uma redução acentuada dos rendimentos médios da classe trabalhadora.
Em meio a tudo isso, o ex presidente Lula mantém, apesar de todas as acusações que sofre ha mais de 20 anos, a maior intenção de votos entre os candidatos presidenciáveis, sendo, portanto, o favorito para ganhar as eleições de outubro, quiçá em primeiro turno. Talvez seja este seu maior crime provado, tendo em vista que no processo em que foi condenado, não existem provas de sua culpa, havendo, sim, provas de sua inocência. Em lugar de provas, sobram as convicções dos procuradores, juízes e os atropelos à constituição, como denunciam centenas de juízes, procuradores e advogados criminalistas, no Brasil e no exterior. Nessa etapa do processo de golpe perpetrado em nome do combate à corrupção, o objetivo mal disfarçado é tirar Luis Inácio Lula da Silva do processo eleitoral e impedir a sua volta ao Planalto, de onde saiu ao final do segundo mandato como o Presidente mais popular e melhor avaliado da história. É considerado por todas as lideranças democráticas, responsável pelo salto qualitativo alcançado pelo Brasil e pela decorrente projeção do pais como uma grande potência mundial. Com a criação recorde de postos de trabalho, por meio da ativação da cadeia de consumo, pela reativação dos polos navais, pela projeção da indústria de serviços, inclusive no exterior, especialmente na área da construção civil, Luis Inácio Lula da Silva foi responsável pela exclusão do brasil do mapa da fome. Pela criação de Escolas Técnicas, como o nosso valoroso IF Sul, Universidades e novos Campus de Universidades já existentes, por programas como o Ciência Sem Fronteiras, PROUNI e FIES, foi responsável pela inclusão de milhares de jovens nas universidades, elevando a qualidade técnica de nosso povo trabalhador e, portanto, também valorizando sua mão de obra no mercado de trabalho. Poderíamos citar ainda, programas como o Minha Casa, Minha Vida, que gerou trabalho e renda, inclusive em nossa cidade, buscando resolver o problema de déficit de moradias, alcançando financiamento a trabalhadores que, em vista de sua baixa renda, nunca teriam acesso ao “privilégio” de ter uma casa própria, ficando livres dos reajustes de aluguel ou dos encerramentos de contrato que os sujeitavam a novas buscas, à mercê do mercado imobiliário. Poderíamos citar a criação do SAMU, a ampliação do sistema de saúde através das UPAS e tantos programas e projetos que, inclusive, já não se limitam à administração de Luis Inácio Lula da Silva. Quando prenderam Lula, não quiseram prender apenas Luis Inácio Lula da Silva. Quiseram prender o direito do povo brasileiro de sonhar em ser dono de sua moradia, de sonhar em ver seus filhos cursando uma faculdade. Quiseram prender o direito do povo brasileiro de sonhar com uma indústria que contemple o trabalhador como parte do jogo financeiro nacional. Quiseram prender A Soberania Nacional, representada pela descoberta do Pré-Sal, que tanta esperança de desenvolvimento nos deu. Não prenderam Luis Inácio Lula da Silva. Prenderam o Sonho do Povo Brasileiro de ter o direito de crescer e ser feliz. Por essas razões, afirmamos que Luis Inácio Lula da Silva é um preso político. Queremos Lula Livre, para podermos voltar a sonhar e crescer como Povo. #LULALIVRE!
Foto: Francisco Proner / Farpa Fotocoletivo