Os primeiros colonizadores são também responsáveis pelo desenvolvimento atual da região. É também a partir destes imigrantes, que o Rio Grande do Sul moldou o potencial agrícola voltado à produção de alimentos, especialmente em pequenas propriedades rurais. Em Venâncio Aires, os imigrantes alemães trouxeram para as terras, sementes, que ajudaram a moldar o formato da agricultura familiar atual. O mesmo ocorreu na região serrana do estado, com a vinda dos colonizadores italianos. Até então, os primeiros imigrantes, vindos de Portugal, tinham como base econômica a pecuária, utilizadas em grandes fazendas.
Todo esse movimento criado pelos primeiros imigrantes germânicos, e que fizeram de Venâncio Aires, atualmente um dos principais municípios exportadores e diversificados do estado, garantiram posição de destaque no movimento financeiro. O cultivo de milho, trigo e hortaliças eram a base da agricultura local, além da produção animal, em especial os suínos. A industrialização destes produtos também ganhou destaque no início do século 20, com a criação de fábricas de banha e bebidas (refrigerantes e cerveja), incluisive em distritos da Capital do Chimarrão. O empreendedorismo também está ligado aos imigrantes alemães, que se instalaram na região.
Ainda no século 19 o Governo Imperial do Brasil, buscando aproveitar a mão de obra dos imigrantes europeus, distribui sementes de tabaco para os colonizadores vindos ao Sul.
Com isso, o cultivo do produto, que até então estava na região Nordeste, passou a ganhar destaque nas terras frias do país. Com a grande imigração para o Vale do Rio Pardo, fez desta região, até hoje, destaque na produção tabacaleira.
A agricultura local, formada com estes colonizadores, que no próximo ano completa 200 anos, garantiu o fortalecimento atual do setor primário. Nos últimos cinco anos o setor agrícola de Venâncio Aires movimentou mais de R$ 1,9 bilhão.
SEMENTES
Os principais produtores ligados às pequenas propriedades rurais de Venâncio Aires possuem um longo histórico. A maior parte veio na bagagem dos primeiros colonizadores. Milho, hortaliças, batatas, favas, frutas e cereais foram cultivados nas terras da região, vindas com os demais projetos de vida dos imigrantes. As pequenas propriedades tiveram diversificação, com o cultivo voltado, inicialmente, para subsistência das famílias.
Ainda é possível cultivar algumas sementes da mesma linhagem das primeiras chegadas na região. “Com certeza muitas sementes crioulas atuais são da mesma linhagem. Claro, com os cruzamentos naturais que ocorreram ao longo da história. Também precisamos considerar que culturas de hortaliças e batatas vieram com os imigrantes para a região,” explica o chefe do escritório local da Emater/Ascar, engenheiro agrônomo Vicente Fin.
A participação destas sementes no cultivo de alimentos movimenta até os dias atuais grupos que buscam manter as linhagens de plantas. Anualmente, são realizados encontros para troca de sementes, em tempos de agricultura híbrida. No próximo mês, um encontro estadual ocorre em Ibarama.