A disparidade entre homens e mulheres no ambiente corporativo brasileiro, infelizmente, ainda é grande, principalmente quando se analisa a participação em cargos de liderança. Segundo pesquisa realizada em 2021 pela Grant Thornton com 250 empresas, mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança no
Brasil, sendo 35% ocupando cargos de CEO.
Na área rural essa realidade também se faz presente: 65% dos postos de trabalho são ocupados por homens, além de que as mulheres recebem cerca de 78,3% do que é pago aos homens, de acordo com o Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (GV Agro). Por outro lado, alguns avanços têm sido percebidos. É o que mostra a pesquisa Agroligadas, realizada em 2021 com o apoio da Corteva Agriscience, Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) e Sicredi. Das 408 mulheres ouvidas e que atuam no agronegócio, 69% são proprietárias ou arrendatárias e 72% sentem que são ouvidas nas decisões de negócio.
Os dados provam que cada vez mais mulheres batalham por um lugar de destaque no agronegócio e o Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado no próximo dia 15 de outubro, é a data criada para destacar o papel delas nas áreas rurais, como é o caso da produtora de tabaco da Japan Tobacco International (JTI), Rosemeri Fantinel, que também atua no cultivo de soja e criação de animais no município de
Dona Francisca (RS).
“Foi aqui que escolhi ficar e trabalhar e há 20 anos sou parceira da JTI. Atualmente, cultivo 50 mil pés de Burley e, além do tabaco, faço tortas, geleias e junto do meu irmão plantamos 10 hectares de soja, além da criação de porcos e galinhas para o consumo da nossa família. É um trabalho duro, no qual estou
sempre com a “mão na massa”, mas estamos avançando cada vez mais por influência familiar ou admiração pelo trabalho”, acredita.
Para ela, o melhor caminho para fazer com que mais mulheres tenham protagonismo na área rural é buscar desenvolvimento, agregar conhecimento e habilidade. “Temos um papel importante de incentivar o crescimento na agricultura e valorizar o trabalho da mulher, para isso estamos nos aperfeiçoando, nos
organizando e, principalmente, tendo o entendimento da qualidade do trabalho desenvolvido em equipe”.
Negócio em família
No município de Piên (PR), a produtora Leandra Guber atua na propriedade junto dos pais. “Quando completei o ensino médio optei por ficar na lavoura e não fazer faculdade. Apesar da rotina cansativa, estou sempre trabalhando com a certeza de um trabalho honesto e gratificante”, afirma.
Para ela, apesar da predominância masculina no setor, as mulheres também têm tomado frente e conquistado seu espaço. “Mulheres que vivem nesse meio são batalhadoras e persistentes, temos que quebrar o preconceito e mostrar que somos capazes e tão competentes como qualquer um. Mesmo com todos os preconceitos enfrentados, nós seguimos firmes nesse ramo, precisamos nos unir e mostrar que
somos capazes, mostrando umas às outras que podemos fazer a diferença na agricultura”, acredita.
Outro exemplo inspirador é da produtora Odesia Delinski, que atua no município de Papanduva (SC). Filha de produtores, tem uma vida dedicada ao campo e agricultura. “No campo eu vejo uma grande oportunidade de cultivar uma vida feliz. Desde pequena, gosto de estar aqui e optei por permanecer nesse meio. Trabalhar no campo tem seus desafios diários, mas é muito importante ter um bom
planejamento e saber driblar os obstáculos, sempre buscar mais conhecimentos, que no final tudo dá certo”, afirma.
Por meio das orientações técnicas, a propriedade adota o plantio direto na palha. Supervisionada por Odesia, a prática é um ótimo sistema para o solo, pois aumenta a produtividade e qualidade da safra. “Esse cultivo apresenta bons resultados se todas as etapas forem seguidas e o solo bem coberto com uma boa camada de palha. A nossa opção como planta de cobertura para a formação de palha no
plantio direto tem sido a aveia e centeio”, explica.
Para ela, as mulheres têm buscado maior aperfeiçoamento, qualificação, modernidade, rentabilidade nas propriedades, agregando também ao cuidado de plantar, colher, cuidar e o carinho em cultivar, podendo comemorar os resultados alcançados. “São valores agregados para a nossa vida e seguiremos batalhando
para produzir nossa cultura com muito comprometimento e amor pelo que fazemos”, finaliza.
CRÉDITO: AI JTI