Os 488 municípios produtores de tabaco estão na expectativa de que a posição do Brasil na 10ª Conferência das Partes (COP10) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) não prejudique a produção. O movimento liderado por prefeitos conta agora com os vereadores que estiveram reunidos em evento na Confederação Nacional dos Municípios (Brasília), na última semana.
O vice-presidente da Famurs, prefeito de Vera Cruz, Gilson Adriano Becker (PSB), destaca a importância da mobilização. “Demonstrando a importância do setor do tabaco que envolve mais de 200 mil famílias e em 2022 14,8 bilhões de impostos gerados pelo setor do tabaco, isso contando que 50% do cigarro no Brasil é ilegal”, avalia.
Além do evento, as lideranças foram recebidas na última semana em reuniões no Ministério de Relações Exteriores e Casa Civil. Becker afirma que houve garantia de diálogo. “Estivemos em audiências como no Itamaraty que se comprometeu em estar discutindo isso com o setor produtivo do tabaco. Não se pode admitir que aumentem as restrições aos produtores que geram todo esse retorno, toda importância econômica e social para os três estados do Sul”.
Segundo o prefeito, o objetivo é por neutralidade. “Procurar obter essa posição por parte do governo federal que é quem vai representar o país junto a COP. Que nós possamos manter as condições de produtividade, 90% do tabaco produzido aqui é exportado. Então, não podemos trazer ainda mais dificuldades para os produtores”.
A mobilização contou ainda com representantes do setor e deputados envolvidos na defesa da cadeia produtiva. Entre eles o deputado federal Marcelo Moraes (PL). “É o dinheiro da lavoura que abastece o comércio daquelas regiões. Nós temos dados a nível nacional que as regiões mais povoadas na agricultura são as regiões produtoras de tabaco”, revela o parlamentar.
O ato foi a culminância da movimentação realizada também pela Assembleia Legislativa Gaúcha por meio da Subcomissão de acompanhamento da COP10. A Subcomissão proposta pelo deputado Marcus Vinícius de Almeida (PP) realizou oito audiências públicas pelo RS e elaborou relatório enviado as lideranças governamentais.
IMPORTÂNCIA
A safra de tabaco 2022/23 chegou a 605.703 toneladas e a comercialização do produto rendeu quase R$ 11 bilhões aos produtores. Segundo os dados da Afubra, o faturamento médio de um hectare de tabaco se equivale a 6,19 de soja ou a 7,55 hectares de milho. As exportações chegaram a US$ 13 milhões na última safra sendo o Brasil líder a 30 anos.
A indústria do tabaco é responsável por cerca de 40 mil empregos diretos e 120 mil empregos indiretos no país. Estima-se que, mensalmente, mais de R$ 1,8 bilhão sejam pagos em salários para os trabalhadores desse setor. Santa Cruz do Sul é o município que mais empregou neste ano, e isso se deve, em grande parte, à indústria do tabaco.
FOTO: Divulgação/Gab. Marcelo Moraes (PL)