O mercado de trabalho já se molda aos novos formatos por conta da pandemia. O momento é de discussão sobre o futuro dos empregos e quais movimentos empresariais poderão ditar as futuras contratações. A massa salarial, que engloba a classe operária, também terá os seus impactos. Isso porque, muito além de realizar as suas funções o trabalhador terá que mostrar com criativadade formas de aprimorar produções e garantir maior lucratividade. Porém, para entidades de classe, este novo movimento pode gerar conflitos trabalhistas e desvalorização salarial. O momento também é de reflexão, por conta do Dia do Trabalhador, comemorado neste 1º de maio.
O mercado de trabalho durante a pandemia, e provavelmente após o fim dela, é marcado por uma grande tendência: a reinvenção e a renovação constantes dos profissionais, os quais precisam ser cada vez mais multidisciplinares, mesmo atuando em uma área específica de conhecimento.
A estrutura linear do trabalho começa a ter movimentos diferentes, e dará lugar ao trabalho em rede, conforme projeta Coordenador do Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, professor doutor Moisés Waismann, docente na Universidade La Salle. Em entrevista ao Olá Jornal, ele destaca que o movimento operário básico muda. “Aquele movimento de abelhas, muito comum nas indústrias, passa a exigir mais. O operário também terá que usar criatividade, propor alternativas e colaborar de outras formas com o crescimento e melhoramento da sua produção.”
Para Waismann, o momento da pandemia tem exigido ações mais rápidas e condições para resolutividade. “No mercado de trabalho em função do momento pandêmico não há condições para planejamentos longos, é preciso conhecer os processos e garantir resolutividade das demandas que surgem, dia após dia,” destaca.
REINVENÇÃO
Para a professora do Departamento Gestão de Negócios e Comunicação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Letícia Schramm Arend, a reinvenção dos postos de trabalho durante a pandemia ocorreu também para os cargos de liderança. “A pandemia fez alguns gestores se tornarem líderes de verdade, onde atuando junto com a equipe traçaram um novo plano para o negócio. As novas formas de trabalho que surgiram, também nos mostraram que é possível realizarmos reuniões e treinamentos online, algo que antes algumas pessoas eram resistentes, agora já é normal.” destaca.
Letícia avalia que a prática da empatia ganhou destaque no cenário atual de pandemia, dentro das empresas. “Nas relações entre as pessoas, observamos que a empatia prevaleceu em muitos momentos e isso deve ser incentivado principalmente pelos líderes nas suas equipes. Mais do que nunca os profissionais precisaram mostrar o quanto são resilientes e persistentes, pois na verdade todos fomos afetados de alguma maneira pela pandemia, mas não podemos desistir, sempre precisamos buscar alternativas,” afirma.
MOMENTO INCERTO
A principal entidade de classe do município, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins, alerta que medidas anunciadas pelo Governo Federal, para evitar demissões, também poderão resultar em perdas nos direitos dos trabalhadores. “Há perdas que poderão vir ao trabalhador, para garantir proteção aos grandes empresários. Se tivessem se preocupado com a vacina, a economia estaria andando melhor neste momento. Conquistas históricas dos trabalhadores estão sendo eliminadas, e mais uma vez a classe trabalhadora é penalizada,” argumenta o presidente da entidade, Rogério Borges Siqueira.
FUTURO
O mercado de trabalho e o mundo jamais serão os mesmos depois do surgimento do novo Coronavírus, classificado como a segunda pandemia mais letal, atrás apenas da Gripe Espanhola, em 1918. Os impactos da pandemia na sociedade já atingem todos os setores, seja de forma positiva, seja de forma negativa. O Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta que a crise econômica causada pela Covid-19 pode ser a maior recessão global desde a Grande Depressão de 1929.
FOTO: Divulgação/AI JTI