Instituto Crescer Legal celebra 10 anos como referência em aprendizagem profissional rural e transformação social no campo

Olá Jornal
abril23/ 2025

Neste dia 23 de abril, o Instituto Crescer Legal comemora uma década de existência com uma trajetória marcada pela inovação, impacto social e transformação no meio rural. Fundado em 2015 por iniciativa de empresas ligadas à cadeia produtiva do tabaco, o instituto surgiu a partir de uma necessidade concreta: oferecer oportunidades reais de desenvolvimento para adolescentes do campo, em especial filhos de pequenos produtores, que enfrentavam desafios de acesso à educação e ao mundo do trabalho.

Inspirado pelos programas criados desde 1988 por entidades e empresas do setor de tabaco para combater o trabalho infantil nas áreas rurais, a gerente do Instituto, Nádia Fengler Solf, destaca que, desde o início, o propósito foi ir além da assistência pontual. “A gente tinha uma realidade de adolescentes que não podiam trabalhar por força da legislação, mas também não encontravam na escola ou na comunidade caminhos claros de formação e inclusão. Muitos estavam em risco de evasão escolar ou já desmotivados. O Crescer Legal veio para abrir possibilidades e construir futuros com dignidade”.

Cada programa foi pensado para atender públicos específicos, com uma abordagem direcionada e eficaz. Atualmente são quatro programas desenvolvidos: Aprendizagem Profissional Rural, Acompanhamento de Egressos, Boas Prática de Empreendedorismo para a Educação e Nós Por Elas – A Voz Feminina do Campo.

MODELO INÉDITO
O grande diferencial do Instituto é o Programa de Aprendizagem Profissional Rural, um modelo inédito no Brasil e no mundo, desenvolvido para atender especificamente adolescentes do meio rural com uma metodologia adaptada à sua realidade. Lançado do zero, o programa combina educação formal com vivências práticas de gestão rural, empreendedorismo e protagonismo juvenil, respeitando a legislação e valorizando a permanência no campo.

As aulas ocorrem no turno inverso da escola e são ministradas por educadores contratados pelo instituto, em parceria com municípios e escolas locais. Os jovens recebem bolsa-auxílio, alimentação e transporte, garantindo as condições necessárias para sua permanência no programa. Em dez anos, mais de 1 mil adolescentes foram certificados, em 23 municípios dos três estados do Sul do Brasil.

“O que se transforma não é só a trajetória do jovem, mas de toda a família e da comunidade. Muitos voltam a enxergar o meio rural como um espaço de oportunidade. Hoje temos ex-alunos que se tornaram produtores, técnicos, empreendedores e também líderes em suas comunidades”, afirma Nádia.

TRANSFORMAÇÕES
Os dados e histórias acompanhadas pelo Programa de Acompanhamento de Egressos revelam que a grande maioria dos jovens segue vivendo no meio rural, mesmo quando opta por outras formações. Eles levam consigo uma nova visão, mais crítica, empreendedora e valorizadora do seu território de origem. “Antes, o sucesso estava associado à ida para a cidade. Hoje, muitos desejam permanecer no campo, mas com qualificação e visão de futuro”, reforça Nádia.

Além da permanência no campo, há também mudanças culturais significativas, como o fortalecimento do papel das meninas na sucessão familiar rural. “Elas passam a se enxergar, e a serem vistas, como protagonistas. O programa Nós por Elas, em parceria com a Unisc e a Afubra, tem sido fundamental para amplificar essa voz feminina no campo”, destaca.

MULTIPLICAÇÃO
Outra frente fundamental do Instituto é o Programa de Boas Práticas de Empreendedorismo para Educação, voltado à formação continuada de professores do meio rural. A ideia é compartilhar metodologias pedagógicas desenvolvidas pelo Instituto para que educadores consigam tornar suas aulas mais atrativas, contextualizadas e alinhadas à realidade dos estudantes.

“O professor rural muitas vezes se sente isolado, sem ferramentas específicas para seu contexto. Nosso programa oferece suporte e inspiração para que eles possam trabalhar com mais propósito e resultados. É uma forma de espalhar as sementes do Instituto para além dos adolescentes diretamente atendidos”, explica a gerente do Instituto.

RECONHECIMENTO
O modelo do Crescer Legal já atraiu a atenção de instituições nacionais e internacionais. Delegações de países como Zimbábue, por exemplo, visitaram o Brasil para conhecer de perto o programa. Representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA singla em inglês) também destacaram o Instituto como exemplo de boas práticas em desenvolvimento rural e combate ao trabalho infantil.

Além disso, iniciativas similares têm surgido inspiradas no modelo do Instituto, como programas voltados a jovens de famílias produtoras de erva-mate e outras culturas. “Nosso compromisso é com a multiplicação. O Crescer Legal não quer ser o único, mas ser referência para que outros também desenvolvam caminhos similares em suas regiões”, declara Nádia.

FUTURO
Com os 10 anos completados, o Instituto agora mira os próximos passos. Entre os desafios estão a expansão para mais municípios da região Sul, o fortalecimento das parcerias com prefeituras e escolas e a consolidação do legado pedagógico e metodológico. “Temos um modelo sólido, reconhecido e eficiente. Agora é hora de ampliar esse alcance, sempre com responsabilidade e compromisso com o jovem do campo”, conclui Nádia.

Em tempos de profundas transformações no campo e na sociedade, o Instituto Crescer Legal prova que é possível promover desenvolvimento, inclusão e cidadania com qualidade, inovação e respeito à realidade rural, deixando marcas que vão muito além dos números, deixam raízes no futuro.

FOTO: Gelson Pereira/AI Crescer Legal

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