Há 20 anos a Expoagro Afubra leva inovação para a lavoura com conhecimento e tecnologia a serviço da agricultura familiar. Ao chegar à 20ª edição nesta quarta-feira, 23, a feira abre ainda mais espaço para o novo e traz um local dedicado à conexão entre desafios e soluções do tempo pós-moderno. O pavilhão Inovação do Agro reunirá programação especial dedicada à educação, cultura, trabalho, renda e tecnologia. Até o sábado, 26, o parque de exposições em Rincão Del Rey, Rio Pardo, será palco para as novidades do setor agrícola.
O coordenador do evento, Marco Dornelles, destaca que ao longo de duas décadas a feira tem sido referência transformando a realidade porteira a dentro. “Nesses 20 anos a feira vem trazendo junto com os expositores, tanto empresas como instituições, aquilo que existe de tendência no mercado e principalmente no ensino com escolas agrícolas e universidades. Trabalhamos com jovens filhos do produtor que tem a ver com a sucessão rural e a gente traz nessa edição a inovação com dinâmicas, exposição startups, que se faz muito necessário em momento de intensa mudança”, explica.
Um exemplo de transformação é o aumento da diversificação nas propriedades. Segundo último relatório apresentado pela Afubra, a representatividade de renda do tabaco passou de 70% para 48% ao longo desses 20 anos, o que comprova a efetividade da Expoagro na busca por alternativas de complemento de renda. “Há uma forte convergência entre as instituições e o produtor com possibilidades de encontrar o que lhe atrai”, avalia Dornelles.
EXPOSITORES
A relação entre as marcas e o trabalho da Agrocomercial Afubra foi fundamental para que se chegasse até aqui. Com 470 expositores, a Expoagro Afubra é a maior feira do Brasil voltada à agricultura familiar. Para o diretor-presidente da Agro-comercial, Romeu Schneider, essa parceria de negócios com os fornecedores facilitou a participação das empresas. “Já eram parceiros nossos e abraçaram a ideia e com todo o trabalho que é bastante dispendioso, porque é um trabalho longo não somente alguns dias antes, envolve meio ano de preparação das lavouras demonstrativas”, afirma.
Schneider lembra que a ideia de realizar um evento desse porte surgiu em 1999 quando esteve em Ilinois, EUA, visitando a Farm Progress Show (Show de Progresso da Fazenda). A organização e grandiosidade da exposição despertou o interesse do dirigente em realizar algo parecido por aqui, ampliando os dias de campo que a Afubra já realizava. Assim, o evento evoluiu de um dia de campo para dois dias de feira, chegando a três dias até 2019.
Um dos primeiros patrocinadores é o Sicredi que desde 2004 apoia a feira. “Tá na nossa essência, no nosso gene o agro, então quando a gente apoia a Afubra para estimular o agro, não é somente uma opção que a gente faz por achar que é interessante, mas o agro faz parte da nossa história, seja em termos de negócios, seja em termos institucionais. Realmente a feira atinge seu objetivo”, afirma o presidente da Sicredi Vale do Rio Pardo, Heitor Petry.
Neste ano a Expoagro estreia o quarto dia de programação, com foco no público urbano. A expectativa é de receber mais de 80 mil pessoas durante os quatro dias. O horário de funcionamento da feira é das 8h às 18h. Quanto aos protocolos sanitários da Covid-19, a novidade é que não será mais preciso o uso de máscaras em ambientes abertos.
AO LADO DO PRODUTOR E À FRENTE DO FUTURO
A diversificação e o conhecimento sempre fizeram parte dos pilares que sustentam a Afubra. De acordo com o presidente Benício Werner desde a fundação da entidade o foco era que o produtor não dependesse somente de uma cultura. Pensando nisso, no final dos anos 1950 foi criado o departamento de fomento agropecuário que comercializava produtos para diversificação. Werner cita como exemplo a introdução do então chamado milho híbrido, uma novidade na época.
Embora não houvessem restrições à produção de tabaco como hoje, o objetivo era agregar uma receita a mais para o produtor. O trabalho se intensificou com a contratação de técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos desde 1978 mostrando para o produtor que ao seguir as recomendações técnicas, há maior rentabilidade.
Hoje, o trabalho da Afubra e de entidades parceiras ao longo desses 20 anos resulta na consolidação da produção de grãos com estrutura adequada que fecha o ciclo produtivo.
A Unidade de Grãos da Afubra, inaugurada no ano passado, movimentou 724 mil sacas no primeiro ano de atividades. Sua cobertura é de associados e clientes das regiões da Matriz (Santa Cruz do Sul) e das filiais de Venâncio Aires, Candelária e Cachoeira do Sul. A capacidade de giro será de até 1,5 milhão de sacas ao longo de 2022. A estrutura localizada ao lado do parque é um marco visível para o que a entidade vem desenvolvendo por meio da feira.
FUTURO
Para os próximos 20 anos, o presidente da Afubra tem a certeza de que a Expoagro continuará ao lado do produtor. “Não sei se vamos usar tratores ou o que vamos usar. Pode ser que mude até o sistema de combustível, mas o que a gente sempre tem em mente que não vai alterar é a produção de alimentos. Aumentar mais a produtividade pela pesquisa que as empresas de fornecimento fazem. Será que vamos estar usando adubo? Ou princípios ativos com água? O certo é que temos perspectiva que alguma coisa diferente haverá nos tratos estruturais e nós estaremos sempre acompanhando”, garante.
FOTO: Lucas Weiss/AI Afubra