Passado um mês da posse da nova diretoria da Languiru, um diagnóstico da crise que a cooperativa do Vale do Taquari enfrenta foi apresentado a deputados, prefeitos, vereadores e associados na sede administrativa da empresa, em Teutônia. Além dos números da situação financeira, as possíveis estratégias de enfrentamento a crise foram apresentadas no encontro que ocorreu na manhã desta sexta-feira, 02. O prognóstico da análise apresentada é que sem mudança na realidade da cooperativa, em 10 de junho pode ser determinada a paralisação das atividades de aves e suínos, o que representa quase 50% da atividade total.
O presidente Paulo Roberto Birck apresentou relatório com informações sobre a abrangência da crise e as estratégias a serem adotadas de forma emergencial. A crise preocupa também gestores públicos da região já que a empresa gerou, só em 2022, cerca de R$ 221 milhões em tributos. São afetados diretamente 3,5 mil funcionários e 5,5 mil produtores, fornecedores e prestadores de serviços espalhados em 188 municípios gaúchos.
Segundo dados apresentados na reunião, o faturamento mensal da Languiru vem caindo significativamente. A média mensal em 2022 ficou na casa dos R$ 230 milhões, mas em maio deste ano já havia caído para R$ 100 milhões. A causa, segundo Birck, é o excesso de endividamento para dar suporte a investimentos realizados pela gestão anterior, o estrangulamento operacional por falta de capital de giro e a priorização dos compromissos com instituições financeiras em detrimento da atividade operacional.
O passivo financeiro já atinge R$ 788,1 milhões com instituições financeiras. Somado a outras obrigações da cooperativa, como contas a pagar e rescisões trabalhistas, a soma chega a R$ 1,16 bilhão. Para fazer frente a crise, a diretoria propõe ações de curtíssimo prazo que serão apresentadas aos associados como a imediata obtenção de aporte financeiro; a venda ou locação do frigorífico de suínos, a redução da produção de aves, de 100 mil para 60 mil aves/dia, com a consequente terceirização do uso da capacidade ociosa.
O planejamento inclui, ainda, a venda de outros negócios, farmácias e frigorífico de bovinos, que já estão em negociação; e dos postos de combustíveis que buscam interessados. O grupo deverá vender ou fechar unidades das lojas Agrocenter e prevê a manutenção da unidade Teutônia. Sobre os supermercados, a empresa prevê manter oito unidades superavitárias, o fechamento de uma loja, a Alesgut, e a venda do ponto e instalações no Shopping Lajeado.
“Além da questão financeira dos produtores, eu temo pela saúde mental dos cooperativados. É preciso buscar uma esperança para o produtor”, afirmou o deputado Edivilson Brum, integrante da Frencoop. O parlamentar destacou a importância de articular soluções urgentes para garantir a continuidade das atividades e chamou a atenção para o caráter social das instituições financeiras públicas, como Badesul e Banrisul. “Só faz sentido termos um banco público se ele for parceiro do desenvolvimento social e econômico do nosso Estado”, afirmou. O parlamentar acrescentou que “é hora de termos apoio do sistema financeiro público para viabilizar a continuidade das atividades da Languiru e outras cooperativas que passam por dificuldades, é para isso que o Estado mantém essas estruturas”, concluiu.
A partir da apresentação do diagnóstico, os deputados Edivilson Brum (MDB) e Elton Weber (PSB), articularam a realização de uma reunião de emergência com o governo do Estado. O encontro está previsto para a próxima segunda-feira, 05, às 10h, no Centro Administrativo Fernando Ferrarri. Além dos deputados da Frencoop, governador Eduardo Leite, devem participar da reunião os secretários da Casa Civil, Artur Lemos, da Agricultura, Giovane Feltes, do Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, da Fazenda, Priscila Santana, os presidentes do Banrisul, Claudio Coutinho, do Badesul, Claudio Gastal, do BRDE, Wilson Bley, os prefeitos de Teutônia, Celso Forneck e de Colinas, Sandro Hermann. Também foram convidados o presidente da Sicredi Ouro Branco, Neori Ernani Abel, da Fecoagro, Paulo Pires, da Ocergs, Darci Hartmann e da central Sicredi Sul\Sudeste, Márcio Port.
CRÉDITO: AI Edivilson Brum/MDB