A expectativa para a COP 10 foi tema do Campo em Debate na manhã de hoje, 30 de agosto, durante a programação da Expointer 2023. O painel é organizado pelo Grupo RBS com a participação do presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Marcilio Laurindo Drescher, e do presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke. Com duas horas de duração, o painel pode ser acessado aqui.
O presidente da Afubra lembrou que, no Sul do Brasil, são 124.993 famílias produtoras. “Temos municípios, como Canguçu, com quase 5 mil famílias, que produzem tabaco. Chegamos quase a 600 mil pessoas que vivem, diretamente, da cultura. Porém, em média, a renda do tabaco corresponde a 51%, e é complementada com diversificação animal e vegetal. A média da propriedade é de 10,5 hectares. Nessa pequena extensão de terras, os produtores rurais sustentam suas famílias e utilizam, em média, apenas 3,29 hectares para o tabaco. Pouca área com tabaco proporciona uma excelente renda aliada à diversificação. Na última safra, a renda bruta do produtor chegou a R$ 10,9 bilhões, o que proporciona R$ 88 mil per capita por família, em média, e ainda tem a renda da diversificação.” Ao falar sobre a COP 10, Drescher solicitou que a cadeia produtiva seja recebida para contribuir na posição do Brasil. “Apesar do que está no texto da ratificação, o setor vem sofrendo restrições, inclusive com campanhas contra a produção.”
Já Iro Schünke, disse ser “lamentável que nem mesmo a representação dos produtores possa participar das COPs. A falta de transparência e a completa falta de diálogo entre as partes tornam os eventos unilaterais e, portanto, totalmente ditatoriais. O presidente do SindiTabaco também ressaltou que os países têm autonomia para adotar as recomendações advindas da COP. “O Brasil, no entanto, tem se mostrado, ao longo desses últimos anos, protagonista na adoção dessas medidas, o que é um paradoxo considerando que somos o maior exportador mundial de tabaco há 30 anos e o segundo maior produtor, atrás somente da China”, comentou.
Presidente da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (AmproTabaco), prefeito de Cançuçu, Marcus Vinicius, destacou que “o Brasil mantém a liderança do setor de exportação pela qualidade do produto, mas também pelo forte comprometimento ambiental e com as questões trabalhistas. Desconheço um setor que tenha tanto cuidado com o trabalho infantil como o setor do tabaco. Nosso produtor se adapta, ano a ano à todas as exigências. O que esperamos desse governo é que mantenha o que foi ratificado, de não restringir a produção e nem o livre comércio”.
Para o gerente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), Giuseppe Lobo, é preciso debate técnico sobre os novos dispositivos para fumar. “A comercialização dos dispositivos está ocorrendo num novo comércio ilegal, o que traz prejuízos ao país”.
Gualter Baptista Júnior, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo) e presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz do Sul e Região (STIFA), disse que “quando se olha para a empregabilidade da indústria, estamos falando de 40 mil empregos e mais de R$ 4 bilhões em salários. Mas não são de números que estamos falando, mas sim, das almas destes trabalhadores, que se dedicam a esta atividade legal e organizada. Importante dizer que estamos unidos para defender este segmento e as 40 mil almas destes trabalhadores. Em 8 de agosto estivemos na presença do Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que defendeu o respeito ao trabalhador na indústria, e isso, de certa forma, não nos surpreende, dada a importância desta atividade e destes trabalhadores para a nossa economia.”
A deputada estadual Kelly Moraes, por ter sido prefeita de Santa Cruz do Sul, diz ter certeza da importância da produção. “Estamos defendendo o setor, mas também a geração de renda e empregos. Para Santa Cruz, representa mais de 10% de impostos da fumicultura. Precisamos mostrar a realidade do setor”.
O deputado estadual Marcus Vinícius, disse que “o Brasil ignorar o setor é ignorar crescimento e geração de renda. No brasão do Brasil tem uma folha de tabaco; sinal que tem importância já histórica. O Brasil não deveria ter assinado a ratificação, mas, é preciso que o setor possa participar da elaboração do documento que o Brasil levará à COP 10”.
O deputado estadual Elton Weber, disse ser necessário desmistificar de que tabaco é monocultura. “A propriedade diversifica, sim, com muitas outras atividades. E o setor é pioneiro em várias ações sociais e ambientais. Se não fosse a fumicultura muitos produtores não estariam mais no meio rural”, enfatizou.
O deputado estadual Edivilson Brum, disse que vários dados apontam a importância do tabaco. “A questão é que precisamos solicitar que o Governo Federal autorize o setor a participar das Convenções-Quadros. Precisamos mostrar o outro lado da moeda: a geração de renda”.
Deputado estadual Airton Artus, médico por formação, lembra que é preciso cuidado ao falar da produção de tabaco. “Não podemos prejudicar todo um setor; é preciso levar informações e dados corretos sobre a cadeia.
O deputado federal Heitor Schuch, lembrou que “o vídeo do Iinca não precisava ter sido feito; só atrapalhou. O setor vem fazendo o dever de casa, com melhorias na produção, com redução de agroquímicos e melhorias nos equipamentos de proteção. O tabaco não tem pesquisa, orientação técnico ou seguro do poder oficial, então, deixa o setor trabalhar. Agora, é ´preciso que o setor tenha representação na COP e é preciso essa garantia do Governo do Brasil”, disse Heitor, destacando que sempre será defensor do setor.
O deputado federal Marcelo Moraes, disse que “não faz campanha para que se fume e nem o ato de fumar. Mas a discussão é muito mais ampla do que questões sanitárias; engloba geração de renda para produtores, municípios, estados e para o Brasil”.
O deputado federal Alceu Moreira indagou que, “se não tiver produção de tabaco no Brasil, haverá redução de fumantes? Não! Temos uma cadeia organizada, legítima e legal. Somos o segundo maior produtor de tabaco e o maior exportador. Temos tributação gigantesca sobre o cigarro e um mercado ilegal com mais de 50% do mercado. É cigarro sem fiscalização sanitária”.
Por vídeo, o deputado federal, por Santa Catarina, Rafael Pezenti, lembrou que deve às famílias produtores de tabaco por estar em Brasília. “Somos o maior exportador de tabaco do mundo. Ninguém vai parar de fumar se o Brasil para de produzir; mas o Brasil vai perder, muito, em tributos”.
Também em vídeo, o deputado federal Pedro Lupion, do Paraná, lembrou a importância do setor no retorno aos produtores e ao país.
O senador Luiz Carlos Heinze, por vídeo, destacou que o setor tem fundamental importância para o Brasil, tanto para os produtores como para muitos que vivem do setor. “A minha região é produtora e conheço o setor. É preciso a defesa”.
Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, representando o Governo do Rio Grande do Sul, lembrou a importância da cultura no aspecto social e econômico. “É uma atividade centenária que contribui para o desenvolvimento dos estados e do país e é justa a defesa do setor. O Estado está acompanhando e fazendo a defesa do setor”.
A apresentação e mediação foi da jornalista Gisele Loeblein.
CRÉDITO: AI Afubra