Nova pesquisa do Ibope Inteligência/Ipec aponta que, em 2020, ano marcado pelo enfrentamento da pandemia de Covid-19, a ilegalidade respondeu por 33% de todos os cigarros consumidos no estado do Rio Grande do Sul (RS). Destes, 22% foram contrabandeados principalmente do Paraguai e 11% produzidos no Brasil por fabricantes classificadas como devedores contumazes, que fazem do não pagamento de impostos o seu negócio. Em 2019, o mercado ilegal de cigarros respondia por 49% de participação no estado. A pesquisa foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO).
A redução inédita é atribuída, especialmente, ao cenário da pandemia mundial, que provocou uma alta na moeda norte-americana, ultrapassando a marca de R$ 5. Com isso, o custo médio do cigarro do crime no estado gaúcho passou de R$ 3,38 (2019) para R$ 4,31 (2020), aproximando, assim, o produto do crime do cigarro legal, que tem o preço mínimo definido por lei no valor de R$ 5. “Essa diminuição na diferença de preços provocou, pela primeira vez nos últimos seis anos, uma queda considerável no consumo do cigarro ilícito e consequente migração do consumidor para o cigarro legal, produzido nacionalmente, sob as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, apontou Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO).
ABAIXO DO PREÇO
No último ano, subiu a participação de mercado de fabricantes no RS cujos cigarros são vendidos abaixo de R$ 5, preço mínimo estipulado por lei. Classificadas como devedoras contumazes, utilizam o não pagamento de impostos como estratégia de negócio e, assim, conseguem competitividade desleal no mercado. Estas empresas quase dobraram sua participação no estado, saltando de 6% (2019) para 11% (2020).
Das 10 marcas de cigarros mais vendidas quatro são ilegais e juntas representam 23% do mercado. A principal marca é a paraguaia Classic (8%), que é copiada por uma fabricante nacional que além de plagiar o nome do produto paraguaio, os maços trazem similaridades nas cores e embalagem. Dados da Receita Federal mostram que o cigarro ilegal representa 66% dos produtos apreendidos no RS, um aumento de 14% em relação à 2019. Somente em ICMS, o estado deixou de arrecadar R$ 213 milhões.
CRÉDITO: AI FNCP