Encarar a pequena propriedade como uma empresa a céu aberto que necessita de ferramentas de gestão é o caminho para a sustentabilidade da agricultura familiar. Este foi o recado do sócio e auditor independente da Indexo – Gestão e educação, Marco Simch, durante palestra “Gestão Rural: um compromisso da CTA com seus produtores integrados – União para o fortalecimento e continuidade do agro”, no último dia 29, no Clube CTA. Mais 300 pessoas entre produtores, sindicalistas, empresas, prefeitos e demais envolvidos com o setor estiveram presentes no evento que buscou conscientizar toda a cadeia e, principalmente despertar o produtor, sobre a importância de atender as legislações pertinentes a produção.
Segundo o especialista, este é o primeiro passo para enfrentar desafios como a contratação de mão de obra rural que se apresenta hoje à cadeia produtiva do tabaco. O Ministério Público do Trabalho (MPT) já tem realizado operações de fiscalização dos produtores rurais em relação a contratação de mão de obra e deve intensificá-las durante o período da colheita do tabaco, a partir de outubro. “Vocês hoje são empresários rurais. Todo empresário que abre uma empresa, abre muitas vezes para literalmente se incomodar, então a gente vai ter que se incomodar também, vai ter que se acostumar com isso, que não é nada ruim. A gente vai ter que se adaptar, observar as coisas, tem legislações para cumprir, tem apoio de diversas partes para fazer. Ele não está sozinho, então é somar forças”, recomenda.
Da mesma forma, o CEO presidente da CTA Eduardo Renner, ressalta a importância da conscientização e busca de soluções pelo produtor juntamente com os demais envolvidos na cadeia produtiva.
Simplesmente produzir hoje não serve mais. O mundo está mudando. Então é para isso que a gente tem que se alinhar, entendimentos entre poder político, poder público, entendimento com os produtores, entendimento com as empresas. E é o que está se buscando é uma capacitação importante e estamos orgulhosos de que tivemos um público muito interessante, além das nossas expectativas, significa que nós temos caminhado o caminho certo e também o tema é demais interessante. O produtor está preocupado e nós estamos preocupados. E assim, nesse alinhamento, nós vamos conseguir”, avalia.
A prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany (PP), afirma que o poder executivo também está atento para auxiliar. “Eu acredito que a gente pode ajudar muito de ter essa conversa, de ter essa conscientização de que existe toda uma legislação, todas as normas a serem seguidas, o que muitas vezes o agricultor não tem essa consciência. A caracterização do agricultor como empresário rural, como gestor rural, isso é muito importante. A gente está vendo que todos os segmentos estão puxando para o mesmo lado e isso também é fundamental. Quando todos puxam para o mesmo lado, quando todos enxergam o mesmo objetivo, a gente tem certeza de um resultado positivo”.
PRODUTORES DEVEM PROCURAR SINDICATOS PARA SE ADEQUAR
O auditor independente da Indexo – Gestão e educação, Marco Simch, recomenda que os produtores busquem orientações junto aos sindicatos representativos. “A gente também, enquanto produtor rural, tem que se organizar e tirar tempo para buscar essas informações. Nada está perdido, mas hoje a gente tem que atender a legislação. Tem que buscar unir forças e com certeza o caminho são os sindicatos dos trabalhadores ou os sindicatos rurais”, orienta.
Simch destaca que cada caso deve ser analisado separadamente considerando as especificidades de cada propriedade. “Cada um deverá fazer o exercício e verificar a sua realidade, ver o que vai demandar, pedir um auxílio para o sindicato, pedir um auxílio para o seu contador e alinhar isso. Se eu tiver que contratar diarista, o que eu preciso fazer? Tem contrato para isso? Existe. Ah, eu preciso contratar uma pessoa para trabalhar comigo por 10 dias, tem contrato para isso? Existe. A gente vai ter que ir buscar. Claro que tem uma série de questões de burocracia, mas faz parte e a gente tem que começar a alinhar”, conclui.
O presidente do Sindicato Rural de Venâncio Aires, Ornélio Sausen, afirma que a entidade está preparada para auxiliar o produtor. “Nós contratamos uma clínica para fazer a admissão, entramos em contato com o escritório de contabilidade que é bem informado em manutenção do trabalho, do cuidado do empregado e tudo isso. Então, se a pessoa ainda tem alguma dúvida que vá no sindicato que nós informamos e até agendamos para o pessoal do escritório ir lá dar informação”.
O tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Gilmar Rodrigues de Oliveira, pontua que apesar das dificuldades de enquadramento na lei atual, a entidade também tem feito o que pode. “Alguns têm procurado a gente, a nossa jurídica tem ajudado nessas questões também, inclusive quando vieram notificações, eles ajudaram ao produtor”.