Estudante no centro do conhecimento com aprendizado contínuo

Olá Jornal
agosto11/ 2021

Interdisciplinaridade, estudante no centro do conhecimento e aprendizado contínuo. Esse é o caminho apontado para o futuro na busca pelo saber. Em um momento de transição, a efemeridade, o senso de urgência e a pandemia impõem novos desafios a sociedade para dar suporte àqueles que precisam ou querem aprender.

Um dos principais pontos é o modelo de autoaprendizado que será a nova realidade. A diretora de ensino da Unisc, Giana Diesel Sebastiany, explica que o aprendizado motivado para busca contínua, para o desafio, ainda é algo muito novo discutido na educação brasileira. “Aqui a gente tem uma tradição de aulas expositivas, do professor autor do conhecimento, ele passa o conhecimento para o aluno. São ainda conceitos que precisam ser superados e que foram muito evidenciados com a pandemia”, avalia.

Nesse trajeto está o novo Ensino Médio que introduz conceitos de interdisciplinaridade onde um mesmo tema é trabalhado por todas as disciplinas, com novas metodologias. Na visão de Giana, cada vez mais o papel do professor vai ser de mediador, provocando para que o estudante faça suas construções, e de curadoria de materiais que possam auxiliá-lo.

Além disso, o conhecimento para uma carreira dá lugar ao aprendizado contínuo frente ao novo mundo do trabalho que precisa de pessoas criativas, flexíveis, capazes de enxergar soluções para diversos problemas de uma maneira interdisciplinar. “Os jovens estudantes precisam pensar em uma formação inicial que vai dar uma base conceitual para uma determinada área que seja de sua referência mas que eles não enxerguem isso como um fim e sim como um começo dos vários desafios que vão obrigá-los a ser estudantes permanentes. Não podemos parar de aprender e nos desafiar nesse mundo tão efêmero”, recomenda a professora.

DESAFIO
Pesquisa Datafolha, divulgada em junho, aponta que 40% dos alunos da educação básica pensam em desistir da escola. Não estão evoluindo nos estudos e estão desmotivados. Reflexo da pandemia que rompeu o formato e acentuou as diferenças econômicas e sociais.Segundo a diretora de ensino da Unisc, essa ruptura da relação entre estudantes, onde os mais novos se espelham nos mais velhos, das amizades e do vínculo com o professor leva o aluno a se questionar do porquê voltar à estudar. “Eu nem sei mais como funciona, como vai funcionar, então é um cenário muito agravado pela incerteza. É um risco grande que se corre se as escolas, as redes, não ficarem atentas, não fizerem o seu papel de fortificar essas escolas de trabalhar com os docentes novas possibilidades, novas metodologias de interação e tentar resgatar esse estudante, investir fortemente nisso, o que eu acho difícil dentro das políticas do Brasil, não parece uma prioridade”.

O cenário também evidenciou as diferenças e a vulnerabilidade desses estudantes que têm necessidade de auxiliar na manutenção da própria família quanto alimentação e questões básicas de sobrevivência. “Isso vai depender das políticas públicas e dos rumos com que cada governante de municípios, estados e especialmente União for coordenar essa retomada da educação com seriedade com apoio que as pessoas precisam para que desenvolvam a parte cognitiva emocional, o que é fundamental”, conclui a professora.

Os números comprovam o tamanho dessa missão. O Censo Escolar 2020 indica a redução de 1,2% no total de matrículas no ensino básico. Ao todo, foram 47,3 milhões de matrículas neste nível, cerca de 579 mil a menos do que em 2019. Na educação de jovens e adultos (EJA) a queda de matrículas é ainda mais acentuada, de 8,3% em relação ao ano anterior. O levantamento indica que 1,5 milhão de estudantes de 14 a 17 anos não frequentam a escola.

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