A produção de cannabis para utilização do cânhamo industrial (fibra da planta que tem a indústria têxtil como principal utilização) é vista pela Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA – International Tobacco Grower’s Association) como uma possibilidade viável aos produtores de tabaco. A novidade já é realidade para produtores dos Estados Unidos (EUA), onde o plantio para este fim é permitido em todos os 50 estados. Com índice alucinógeno de 0,3%, a planta nesta modalidade é utilizada na fabricação de papel, cordas, alimentos e para a fabricação de óleos, resinas e combustíveis.
O presidente da ITGA, Daniel Green, afirma o sistema de produção é o mesmo a qualquer outra produção agrícola e, por isso, o interesse entre os fumicultores americanos tem crescido. “Os produtores têm muita curiosidade e interesse porque o rendimento é parecido com o tabaco, a época de produção é a mesma com o mesmo estilo de trabalho, muito parecido com a variedade Burley que é a mais produzida nos EUA”.
Ele explica que o Colorado foi o primeiro estado a liberar a produção de cannabis para uso recreativo quando já era o primeiro na produção de cânhamo e assim foi por muito tempo. No entanto, assim que o Kentucky foi autorizado a produzir o cânhamo ele passou a ser o segundo maior produtor.
SEMELHANÇA
A rapidez ocorreu devido a tradição do estado na produção de Burley, cuja produção é muito similar ao do cânhamo industrial, ao ar livre e não em estufas como no Canadá, dentro de uma estrutura familiar em pequena propriedade. “A migração foi muito rápida sendo que em outros estados dos EUA e no Canadá houve a mesma evolução”, afirma Green. O presidente do ITGA ainda revela que a taxa de óleo do princípio ativo da produção de cânhamo do Kentucky é tão alta quanto em produção com tecnologia mais sofisticada, o que leva a conclusão de que o clima naquele estado está favorecendo produção ao ar livre nos terrenos de tabaco.
INDEFINIÇÃO
Já sobre a utilização do cannabis para uso recreativo a ITGA não possui um posicionamento. “É diferente e vai depender de cada país. Hoje não há uma posição do ITGA a respeito,” revela o presidente. Segundo Green, no uso recreativo o rendimento pode ser 10x maior no entanto, o custo e o risco também é maior pois não tem garantia de colheita. Cada planta de cannabis custa 5 dólares e o rendimento é de 30 mil dólares por hectare.
Para o Oficial Nacional de Programas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) Sul, Valter Bianchini, o Brasil está longe de legalizar esse tipo de produção. “Até que hajam pesquisas e a aprovação do plantio vai demorar. É um cenário de médio e longo prazo”.