Os dados do Censo Agropecuário do IBGE mostram que houve aumento de 12,4% de áreas agrícolas liderada por mulheres em Venâncio Aires. Para o engenheiro agrônomo e chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, a presença da mulher no campo aumentou, mas a maioria delas ainda não gere a propriedade sozinha. Ele afirma que o trabalho nas propriedades rurais tem sido dividido entre todos os indivíduos da família, mas o controle total ainda é do homem, mesmo que o local esteja no nome dela. Fin destaca que na maioria das vezes, as mulheres só tomam frente dos negócios, após se tornarem viúvas. “São poucas as que escolhem a vida no
campo, já as outras, não possuem escolha, precisam sustentar a família e criar os seus sucessores”.
Apesar da pouca diferença, os números demostraram uma evolução significativa para as mulheres do município. Com a divisão melhor do trabalho, elas começaram a se destacar em outras áreas do agronegócio e acabaram iniciando o seu próprio negócio. Foi através da criação de agroindústrias, onde os produtos exigem pouca mão de obra e são feitos de forma artesanal, que elas trilharam um novo caminho no meio rural.
UNIÃO NA LAVOURA
É o caso das vizinhas Sonia Maria Pereira Marins e Vera Lúcia Maria da Silva, que possuem uma história em comum. Moradoras de Taquari Mirim interior de Venâncio Aires, sempre viveram e trabalharam no meio rural. Mas foi após a separação matrimonial, que ocorreu na vida de ambas há alguns anos atrás, que elas tomaram a frente e começam a comandar os negócios das suas propriedades.
A renda delas gira em torno da produção de tabaco, mesmo que o trabalho seja pesado, ambas afirmam que ainda não há algo que traga mais benefícios econômicos em um tempo mais curto. As vizinhas se ajudam sempre que podem, e trocam serviços durante toda a safra de tabaco para manterem os 20 mil mudas de fumo de Sonia e os 30 mil de Vera.
De acordo com Vera, que teve a herança e o legado deixado pelos pais, viver na cidade nunca foi uma opção. Além disso, a produtora rural, destaca que é apaixonada pela vida que leva. “ O trabalho é pesado e difícil, mas chegar ao fim da safra e vender o tabaco, é uma conquista, é o meu trabalho dando retorno”.
FORÇA
Sonia que possui uma trajetória de vida parecida e concorda com as afirmações de Vera, complementa que ir morar na zona urbana do município, não faz parte dos seus planos, já que lá os custos são mais altos. Para ela, essa parceria que possui com Vera, faz a diferença todos os dias. “Estamos sozinhas, trocamos serviços sempre, e na época de colheita revezamos e até dividimos os custos dos rapazes que nos ajudam neste período”, comenta.
Elas são duas das 443 mulheres que lideram áreas agrícolas no município e servem de inspiração para tantas outras, que por escolha da vida ou por conta própria acabam vivendo no meio rural.