A greve dos caminhoneiros em todo o país ao longo da semana teve reflexos também no município. Além da falta de combustíveis nos postos de Venâncio Aires, a produção em unidades frigoríficas e fumageiras teve reflexos, já que o transporte de matéria-prima e o escoamento das mercadorias foi prejudicado. Desde quinta-feira, 24, os abatedouros locais paralisaram atividades. Nesta sexta-feira, 25, comerciantes aderiram ao movimento e fecharam as portas por uma hora. Já o início da próxima semana será de esteiras vazias na maior empresa do ramo fumageiro do município. A Alliance One confirmou que não terá beneficiamento de tabaco nesta segunda-feira, 28, por dificuldades no transporte de matéria-prima e até mesmo dos trabalhadores até as suas unidades.
A multinacional informa que estava acompanhando a situação da greve ao longo da semana e, por isso, vai evitar o deslocamento de colaboradores no início da próxima semana, já que há dificuldades no transporte.
As unidades frigoríficas também optaram em manter operações paralisadas na segunda-feira. O proprietário do Frigorífico Sapé, Cristian Roehl, destaca que o momento é de apoiar a mobilização dos caminhoneiros. “Se o trânsito começar a rodar na segunda vamos retomar a nossa produção.”
Calculando prejuízos de R$ 100 mil por dia, o proprietário do Frigorífico Boi Gaúcho confirma que o maquinário ficará paralisado ainda na segunda. “Para o início da semana não temos matéria-prima para produzir, por isso, na segunda não teremos trabalho. Esperamos normalizar a situação até o fim da próxima semana,” explica Neri do Nascimento.
Já a direção do frigorífico Kroth confirma que não há previsão de retomada da produção.
SINDICATO
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Fumo e Alimentação apoia a mobilização, porém afirma que não houve comunicados oficiais sobre paralisações na produção. A entidade que representa trabalhadores de 65 empresas, garante que monitora a situação. “Apoiamos esta mobilização e sabemos da importância deste movimento para lutar por melhorias em prol da população,” argumenta o presidente Rogério Siqueira.
ESTADO
O diretor do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Monsale, afirma que a situação está beirando ao caos. Ele explica que esta quinta-feira, 24, foi o último dia de abate de quem ainda tinha animais e por isso enfrentaram uma encruzilhada devido a falta de condições de entregar a produção e também de destino correto dos resíduos do abate. “Muitos frigoríficos dependem de empresas que fazem o recolhimento diário dos resíduos o que fica comprometido com a paralisação dos caminhoneiros”. Assim, mesmo que abatam os animais enfrentarão dificuldades em destinar esses materiais. Ele estima que os estoque possam ser reabastecidos em dois dias após a paralisação ser encerrada.
MOBILIZAÇÃO
A paralisação dos caminhoneiros já dura cinco dias em cerca de 253 pontos de protestos, atingindo 23 Estados brasileiros e o Distrito Federal. Os trabalhadores reivindicam a diminuição no preço dos combustíveis. O governo federal anunciou acordo para trégua com os manifestantes, porém as rodovias ao longo da sexta-feira ainda registravam paralisações. O Palácio do Planalto informou que um decreto vai viabilizar o emprego das forças federais para desbloquear rodovias fechadas pelo movimento dos caminhoneiros.