A paralisação das atividades devido ao novo Coronavírus (Covid-19) afetará a atual safra de tabaco mas não deve interferir na safra futura. Isso porque as empresas suspenderam as atividades fabris, no entanto, garantiram a distribuição de insumos agrícolas aos produtores visando à safra 2021/2022.
A suspensão da compra e do processamento do produto por parte das empresas fará com que a safra atual seja mais longa. De acordo com a Afubra, 30% da produção já está comercializada e o prolongamento da safra vai depender do tempo que durar a suspensão das atividades.
“Tudo depende de quanto tempo vai demorar. Se for até 31 de março como se está prevendo o decreto municipal de Santa Cruz do Sul, a compra e o processamento podem ser retomados com defasagem pequena e ter aceleração devido à alta capacidade das empresas. Mas também é possível do decreto se estender”, prevê o presidente da Afubra, Benício Werner.
De acordo com Werner, a comercialização já estava atrasada devido a dificuldade de manuseio do produto que com a estiagem não possui umidade suficiente para garantir o manuseio sem a quebra de folhas. O município de Canguçu, por exemplo, está com somente 1% da safra comercializada.
PREOCUPAÇÃO
Ele afirma que a preocupação é de todos tanto pela saúde como financeiramente. “A gente entende a preocupação, todos têm de se comprometer. O sistema integrado dá segurança de compra ao produtor que emitiram nota inclusive algumas empresas disseram que podem auxiliar famílias que estejam passando dificuldades”. A estimativa é que a safra atual deverá ser menor em pelo menos 50 milhões de quilos.
FUTURO
Para o presidente da Afubra, a futura safra não deve ser atingida pois as empresas garantiram o repasse de insumos agrícolas dentro de padrões de higienização para evitar contaminação. O contato do produtor deve ser feito diretamente com o seu orientador que providenciará a entrega dos produtos. “As empresas tomam cuidados para que o produtor possa ser atendido com insumos no período de sementeira, via programação nas regiões”, explica.
No momento, a região que se prepara para o plantio é o litoral catarinense onde o tabaco é plantado no mês de maio. Já a região dos vales possui plantio em julho não sendo tão prejudicada em caso de atraso.
ÁREA
Werner chama atenção para a necessidade de redução da área plantada devido ao desequilíbrio entre oferta e procura. “O que provavelmente vai acontecer é termos queda na área plantada em nível mundial devido a oferta e demanda. O atual rigor na compra nos diz que essa já é uma realidade, de oferta maior”, projeta.
Levantamento da Afubra aponta que o preço pago pelo produto está menor nesta safra. Foram visitados 1.020 produtores de Virgínia que receberam R$ 9,78/kg sendo que no ano passado o valor era de R$ 9,86/kg. Já os produtores de Burley estão recebendo um pouco mais. Foram visitados 303 fumicultores que receberam R$ 8,80/kg quando no ano passado era de R$ 8,78/kg.
“Não me lembro de nada parecido. Temos que ter cuidado, não aglomerar muita pessoas e aguardar, ter calma e repensar a área”, finaliza Werner.