“Estamos transformando a indústria do tabaco. Essa é a nossa indústria, essa é a nossa história e essa é a nossa cultura”. Com essa afirmação o presidente da Souza Cruz, Liel Miranda, deixa claro que a cultura ainda será por muito tempo a principal atividade da empresa líder brasileira em exportação de tabaco. A declaração ocorreu durante entrevista coletiva à imprensa na segunda-feira, 19, em Santa Cruz do Sul e afasta qualquer possibilidade da multinacional deixar de fabricar cigarros, como anunciou a sua principal concorrente Philip Morris em janeiro deste ano. A medida valerá para o Reino Unido e foi tema de campanha nos principais jornais britânicos.
Sem comentar a decisão da concorrente, Miranda reforçou a importância econômica e social da cultura ao mesmo tempo em que reconheceu que mudanças estão por vir na forma de consumir o tabaco, no entanto, ainda haverá mercado. “Não vai ser exatamente como é hoje mas não vai ser amanhã. A gente sempre tem que lembrar que há 1,5 bilhão de fumantes no mundo e a gente não vai imaginar que todos os fumantes vão mudar de produto em curto prazo, é geracional. Vai levar algumas gerações para que esses novos produtos tomem escala suficiente para ter algum impacto”.
ELETRÔNICO
Embora reconheça que a tecnologia do vaporizador, com o cigarro eletrônico, seja um caminho sem volta e faça parte dessa transformação da indústria, o presidente da Souza Cruz ainda considera prematura qualquer previsão do que possa acontecer. “É tão cedo que qualquer previsão seria exercício de futurologia. O que a gente sabe, por exemplo, é que em mercados como EUA, onde o cigarro eletrônico é grande e tudo mais, ainda é menos do que 5% do negócio como um todo, do ponto de vista de volume, e do ponto de vista de rentabilidade é muito pequeno”, afirma.
Nesse sentido, de reforçar a importância do produto tradicional, Miranda ainda anunciou a transformação do portfólio de cigarros, motivo de comemoração para a empresa. As marcas internacionais ganham novo impulso com o lançamento de uma nova marca. “Tem gente que imagina que a gente vai sair da indústria de cigarro e pular para uma nova indústria e tem gente que acha que dá pra prever o tempo. A gente não acredita nisso”, declara.