“Você quer que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?”. Essa será a pergunta que o Movimento O Sul É o Meu País vai fazer amanhã à população dos três Estados no plebiscito que eles vão promover em 960 cidades da região Sul.
A consulta ocorrerá das 8h às 20h nos principais pontos das cidades (rodoviária, principais parques e shoppings de Porto Alegre estão entre os 37 pontos de votação na cidade). Para votar é preciso apresentar um documento de identidade e ter mais de 16 anos. Mais de 20 mil voluntários são aguardados pelo grupo para promover a votação, que será realizada com cédulas de papel contendo a pergunta e duas opções para marcar sim ou não. As cédulas serão depositadas em urnas lacradas. Os votos serão contabilizados no fim do dia e divulgados na internet.
O plebiscito é organizado pelo próprio movimento, que diz que garantirá a lisura do processo por meio do testemunho de cidadãos isentos, de instituições como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), sindicatos e veículos de imprensa e da observação da Unpo (Organização das Nações e Povos Não Representados), entidade internacional de defesa e autodeterminação dos povos.
Não há qualquer validade legal para a consulta, pois, para um plebiscito ser válido, é necessário ser aprovado pelo Congresso Nacional. Mesmo assim O Sul É o Meu País pretende apresentar o resultado à Unpo, e às assembleias legislativas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná.
João Paulo Schuch, superintendente do Sul É o Meu País no RS, alega que há vários motivos para a separação, entre eles as diferenças políticas, sociais e culturais que os três Estados teriam em relação ao restante do Brasil.
Mas o principal motivo defendido pelo superintendente para a separação é a má distribuição tributária brasileira. Segundo Schuch, no ano de 2016 os três Estados contribuíram com R$ 63 bilhões em impostos para a União e apenas R$ 15 bilhões voltaram para a região Sul. “A gente não se importaria se o recurso fosse usado para quem mais precisa nas regiões Norte e Nordeste, mas tudo é roubado em Brasília.” O projeto do novo país, ainda sem nome, prevê batizar a moeda de “pila”, ter Lages (SC) como capital e ter como sistema de governo o parlamentarismo.
O cientista político Paulo Moura diz que há uma tendência contemporânea para a formação de movimentos separatistas, como na Catalunha, mas ele não vê a formação de um novo país como a solução dos problemas financeiros. “Os problemas do Rio Grande do Sul, por exemplo, foram causados pelos governos eleitos pelo povo gaúcho’’, analisa Moura.
CRÉDITO: Metro Jornal