Garantir resultados maiores no meio rural, sem impactar no meio ambiente é uma tendência no campo e a região tem conseguido garantir a sustentabilidade na agricultura. O desafio atual engloba a sustentabilidade econômica e ambiental das propriedades, e frente ao cenário climático, a segurança hídrica no meio rural ganha espaço.
Nos últimos anos os princípios ESG (Environmental, Social and Governance em inglês) ganharam força nas cadeias produtivas, e tem orientado as decisões e estímulos aos produtores. O setor do tabaco, o principal do Vale do Rio Pardo, com laços internacionais, adota estes caminhos para garantir certificações de que a produção respeita as políticas de sustentabilidade, sociais e de relações governamentais.
Para os professores dos cursos de Engenharia Agrícola e o de Agronomia, Priscila Pacheco Mariani e Rafael Sobroza Becker, a região tem avançado na sustentabilidade no meio rural, e nos últimos anos impulsionado pelas políticas globais de certificação. “Importantes empresas da região vêm trabalhando há anos com ações sustentáveis e agora ainda mais fortemente com a implantação dos princípios do ESG.
Neste contexto, a sustentabilidade tem papel de destaque no setor primário. O Vale do Rio Pardo tem como característica principal a agricultura familiar, que traz como desafio a difusão de conhecimento e principalmente a diversidade da produção na propriedade,” destaca os professores em entrevista ao Olá Jornal.
CRISE HÍDRICA
Com avanço de práticas de conservação de solo e adoção de técnicas agrícolas que diminuem os efeitos ao meio ambiente, novos desafios colocam luz sobre problemas atuais enfrentados pelos produtores gaúchos. A crise hídrica, vivida atualmente em função da estiagem, vai exigir ações conjuntas e políticas públicas para reduzir os impactos aos produtores.
“Eventos climáticos que afetam a regularidade das chuvas, como o La Niña tendem a ocorrer de forma eventual, causando redução dos índices pluviométricos no Sul do Brasil e impactando fortemente os cultivos agrícolas. Neste sentido, é preciso utilizar estratégias de reservação de água e irrigação. Para isso, deve haver ações de estímulo e conscientização da irrigação em propriedades rurais, a abertura e regularização de açudes e a maior divulgação de dados por estações meteorológicas, visando prever com maior precisão os efeitos climáticos,” orientam os docentes.
Ainda segundo os professores da universidade, os efeitos da estiagem poderão reduzir as perdas no campo a partir de técnicas de manejo das principais culturas agrícolas. “No primeiro momento, para reduzir os efeitos da estiagem, o produtor deve se utilizar de técnicas de manejo de solo (redução da compactação, aumento da matéria orgânica), que permitam o maior armazenamento de água em sua estrutura, além do uso contínuo de cobertura vegetal (palhada) em sua superfície. Após, é recorrer a investimentos em reservatórios de água e sistemas de irrigação. Ainda, cabe aos órgãos públicos, efetivarem ações de forma preventiva e antecipada aos eventos climáticos severos,” destacam os professores em entrevista conjunta.