A quebra na safra de tabaco no campo vai ter efeitos nas contratações de trabalhadores safristas nas indústrias de processamento de Venâncio Aires. Com isso, a projeção atual é de manter o volume de trabalhadores contratados em até cinco mil, porém, com contratos menores. Tradicionalmente o pico de trabalhadores na safra ocorre entre maio e junho. Porém, projeção atual do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins de Venâncio Aires é de que o pico dos contratos temporários em 2022 ocorra até março.
Com menos tabaco para processar, menos tempo os trabalhadores terão de contrato. “O impacto será na renda destes safristas, que terão menos tempo de salários nas indústrias. Devemos manter o volume de contratados em níveis passados, porém, a safra será mais curta, encerrando na metade do ano. Em outras situações, esse processamento ia até setembro, outubro,” explica o administrador da entidade, Ricardo Sehn.
Entre os problemas apontados pelas indústrias à entidade de classe, para a safra ser mais curta, estão a falta de tabaco no mercado e atrasos nos embarques. “A quebra na safra tem impacto importante. Porém as indústrias ainda registram problemas logísticos, que já ocorreram no ano passado, em especial com a falta de contêineres. Aliado a isso, também há empresas que tinham negócios com a Rússia, que não vão conseguir exportar, em função das sanções,” destaca. Sehn.
FEDERAÇÃO
A Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo) também aponta preocupação com a geração de empregos nas indústrias do tabaco. Até o momento, menos de 30% da mão de obra sazonal foi convocada, situação que coloca em xeque a projeção de crescimento nas contratações de safreiros.
Na prática o que este movimento mais vagaroso representa um número menor de trabalhadores contratados já na arrancada da safra. “Por exemplo, previa-se que agora, no mês de março, teríamos de 40 a 50% dos safreiros contratados, não estamos nem com 30%, então a estimativa feita inicialmente, que em abril teríamos 80% dos trabalhadores empregados talvez não se concretize”, salienta o presidente da Fentifumo, Gualter Baptista Júnior.
O efeito dominó deste movimento tardio é, no fim da safra, uma redução geral do volume de safreiros empregados. A retenção do tabaco provoca um represamento na produção industrial.