O Rio Grande do Sul é o terceiro colocado no número de crianças e adolescentes abrigados. De acordo com a corregedora-geral da Justiça, desembargadora Denise Oliveira Cezar, o Estado perde para São Paulo e Minas Gerais. Os dados estatísticos do mês de julho, apresentados pela magistrada, apontam para 4.879 crianças e adolescentes acolhidos, sendo que 620 estão disponíveis para adoção e 348 pertencem a grupos de irmãos, o que totaliza 56,13%.
Os números foram apresentados durante uma audiência, realizada nessa sexta, no Palácio da Justiça. O evento, organizado pela Corregedoria-Geral da Justiça, visou debater alternativas que proporcionem a flexibilização desse perfil tradicional, garantindo a proteção integral de crianças e adolescentes em acolhimento institucional.
Durante a atividade, que também marca os 28 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), profissionais, entidades, especialistas e público em geral discutiram a problemática. Do debate, serão encaminhadas sugestões a serem adotadas para promover melhorias na área. “O problema está dado. Nós precisamos do apoio da comunidade. Há diversos estudos feitos por especialistas que falam sobre os efeitos de longos abrigamentos”, salientou. Segundo Denise, é preciso haver mais pessoas engajadas e sensibilizadas com a situação.
A desembargadora citou o caso das crianças resgatadas na Tailândia e que foram acompanhadas por milhões de pessoas. “Elas estavam entre a vida e a morte e o mundo se uniu. Isso só foi possível porque elas foram vistas. Aqui nós temos muitas crianças tão vulneráveis quanto.” A corregedora-geral falou também das adoções de difícil colocação e das dificuldades de solução dos problemas.
Adoção é um ato de amor e solidariedade.” Um aplicativo de celular voltado a candidatos habilitados a adotantes, que terão a oportunidade de acessarem vídeos, fotos, cartas e desenhos de jovens aptos a adoção, será lançado no dia 10 de agosto, às 14h, na Fundação Pão dos Pobres. “Nossa ideia é sensibilizar a flexibilização do perfil para adoção. E no futuro poderemos usá-lo de forma aberta para que consigamos alcançar um maior número de adoções”, destacou.
Das 4.879 crianças e adolescentes acolhidos no RS, 620 estão aptos para adoção. Grupos de irmãos, adolescentes e jovens com deficiência são considerados de difícil colocação, apesar de responderem por quase a totalidade do cadastro: 88% têm a partir de 11 anos, 56,13% desses jovens têm irmãos que também estão para adoção e 43% apresentam algum tipo de problema de saúde. A maioria são meninos (55,81%). Em relação à cor, o percentual é dividido: 50,48% são brancas e 49,52% pardas ou negras.