Primeira mulher à frente da Unisc, Carmen Lúcia de Lima Helfer, deixa como legado transformações pedagógicas, administrativas e o fortalecimento do caráter comunitário da universidade. Em entrevista ao Olá Jornal, reitora que se despede da função depois de oito anos, destaca como legado projeto de mudanças que trouxe a Reinvenção na dimensão acadêmica, mudanças na estrutura administrativa da gestão superior e da gestão básica.
Olá – Qual avaliação do período em que esteve à frente da Unisc?
Carmen – Avalio que foi um tempo de muitas aprendizagens em minha trajetória profissional e pessoal. Atuei na área da Extensão e da Graduação experiência que me encorajou a assumir o desafio. Sou a primeira mulher no cargo em uma eleição cuja disputa aconteceu com mais duas candidaturas, além da nossa. Em 2014, quando assumimos a Reitoria, tínhamos a universidade com muitos estudantes, foi um tempo de grandes feitos em relação a cursos de graduação, projetos de pesquisa e de extensão. No ano seguinte aconteceram as mudanças no financiamento estudantil em nível nacional (Fies). Mudanças grandes, a instabilidade sobre as novas regras e a redução de acesso ao ensino superior dentro de uma política nacional.
A Unisc precisou se reinventar, buscando por meios próprios e parcerias criar condições de acessos aos jovens que queriam acesso ao ensino superior. Investimos em crédito estudantil próprio. Somos uma universidade comunitária e acreditamos nesse modelo, pois nela toda a receita captada é investida na educação. Iniciamos o curso de Medicina Veterinária, com um Hospital Veterinário em funcionamento. Passamos a investir em EaD em nível de graduação. Já tínhamos cursos em nível de especialização.
O que foi mais desafiador?
Os oito anos de gestão foram avaliados com os mais difíceis do ensino superior das últimas décadas no país. Foram muitas e rápidas mudanças em diferentes cenários da Educação e da Saúde. O mais desafiador foi manter a instituição com seus estudantes e docentes em tempos limitantes em relação a políticas de financiamento, a ampliação e a reinvenção dos processos administrativos e pedagógicos, sem perder de vista a missão institucional e a qualidade das nossas ações, voltadas aos anseios da comunidade acadêmica e da sociedade.
Quais as lições da pandemia para a academia?
Uma das lições da pandemia para a educação superior, foi valorizar, mais ainda, o convívio social. Aprendemos a ser mais ágeis, sem perder a humanidade, o olhar atento, a presença e necessidade dos que nos rodeiam. Andar pelos espaços institucionais e conviver com o vazio do campus por meses nos entristeceu, nos fez refletir sobre a importância do “outro” no nosso cotidiano. Fomos levados a nos adaptar, a nos reinventar nos contatos pessoais, institucionais e interinstitucionais. Vimos e reavivamos nosso ideário comunitário.
Olhando para o que fizemos, nos sentimos esperançosos e acalentados pela sensação de ter feito a diferença em todas as frentes nas quais nos envolvemos. Nesses dois últimos anos de mandato, colocamos a Unisc em uma nova rotina mostrando a nossa cidade, as nossas comunidades e a região que somos a Universidade com a qual todos podem contar. Temos cursos que formam para o enfrentamento dos desafios reais e um Hospital de Ensino, o Hospital Santa Cruz, que trabalha e não mediu esforços de suas equipes atender a todos, nos diferentes momentos da Pandemia.
E mais uma vez, para ser Unisc e bem fazer, fortalecemos o fio que unia os atores para que fôssemos a Universidade, a Unisc. Somos Unisc. Nossos interesses pelo todo, pelo conjunto, devem permanecer e tornar-se a cada dia mais sólido, mais forte, mais consciente. Somos Unisc, uma universidade que inclui, que, com inteligência coletiva, se faz uma autêntica comunidade de aprendizes.
Como enxerga o futuro do ensino superior?
Teremos tempos difíceis e uma pauta permanente junto às políticas públicas da educação superior no que se refere a financiamentos estudantis e recursos para ciência, tecnologia e inovação. A solução para os problemas atuais e futuros, necessitará de ciência e tecnologia. O desenvolvimento almejado acontecerá a partir da educação em todos os níveis.
FOTO: Divulgação/AI UNISC