A logística reversa parece ser um assunto distante e desconhecido. Mas ela faz parte da nossa rotina e nada mais é do que o retorno do produto e/ou equipamento inutilizável para o fornecedor. O tema pautou um evento na tarde desta quarta-feira, 27, no Auditório da Secretaria Municipal de Educação de Venâncio Aires, reunindo Ministério Público, Prefeitura, Sesc, empresários, professores e comunidade.
A partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Venâncio Aires precisaria contar com um ponto de recolhimento de lâmpadas apenas em 2021, mas a Capital do Chimarrão já consta na relação dos 71 municípios gaúchos que tem ao menos um local que recebe as lâmpadas queimadas. Atualmente a Casa da Luz, localizada na rua Barão do Triunfo, 1465, é a única que consta na lista da organização Reciclus, para receber as lâmpadas inutilizáveis pela comunidade. O ponto de coleta, recebe o material, de forma gratuita, que depois é recolhido pela Reciclus. Outro ponto deve ser habilitado pela empresa ainda em 2020, a loja Quero-Quero. Hoje cerca de 50 empreendimentos comercializam lâmpadas em Venâncio.
No entanto, é estudada a viabilidade de realizar-se um ‘Dia D’ de recolhimento de lâmpadas, a exemplo do que já ocorre com o lixo eletrônico, quando o Município contrata uma empresa para fazer o recolhimento. Desta forma, as entidades realizadoras do encontro desta quarta-feira pretendem organizar uma data específica para que a população possa descartar de forma correta o material. “Percebemos que muitas pessoas descartam junto com o lixo doméstico, ou pior, acabam enterrando, e isso é gravíssimo. Altamente prejudicial, causando danos irreparáveis para a saúde, causando milhares de doenças”, contextualizou o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Clóvis Schwertner.
O descarte incorreto de lâmpadas na Capital do Chimarrão é motivo de preocupação, segundo o promotor Pedro Rui da Fontoura Porto. “Imaginem só esse material indo parar diretamente no solo, no lençol freático, nos aterros. É importante ver que, a exemplo do que ocorreu com o descarte correto das embalagens de agrotóxicos, mais uma vez o RS se destaca e avança, mas precisamos ainda mais conscientização e ação. Hoje temos apenas dois comércios habilitados a receberem este material, então mais estabelecimentos precisam colaborar, ao menos informando no ato da venda onde este material pode ser descartado de forma correta”. O promotor ainda acrescentou que “um inquérito civil até foi instaurado e o mesmo precisa de uma solução e satisfatória”.
De acordo com a bióloga e especialista em sustentabilidade do Sesc/RS, Katiane de Oliveira Roxo, a conscientização da população é fundamental para êxito no processo. “É preciso ter a clareza de que somos os responsáveis pelos nossos atos. O vendedor, por exemplo, precisa ampliar o olhar quando se fala em sustentabilidade. Esta é uma questão ambiental, mas é a partir dela que ele pode conquistar novos clientes, disponibilizando seu espaço para ser apenas um ponto coletor. Ele não vai ter gasto com isso. Ele precisa entender do quão vantajoso é ser essa referência”. Katiane ainda destaca que “é necessário ter o mesmo nível e carinho de importância para o descartável como para aquele item quando o compramos. Temos que fazer esse caminho inverso”.
A partir da PNRS:
– Somente em 2017 foram recolhidos 44 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos;
– Em 2017 foram comercializados mais de 1 bilhão de litros de óleo lubrificante no país e já houve recolhimento em quatro mil municípios;
– Desde 2010 mais 1.500 toneladas de pilhas já foram coletadas;
– Em 2016 foram gerados 46 milhões de toneladas de lixo eletrônico no mundo, sendo que em 2017 apenas 130 toneladas foram coletados e este material não é reciclável no Brasil, precisando ser exportado;
– No RS já existem 265 pontos em 71 municípios de recolhimento de lâmpadas fluorescentes. Desde 2017, 350 mil lâmpadas já foram recolhidas no RS.
CRÉDITO: AI PMVA