“Quem perde é o consumidor e o país”, afirma gerente de relações científicas da BAT sobre veto ao cigarro eletrônico no Brasil

Olá Jornal
julho20/ 2024

“Quem perde é o consumidor, é o país, porque as divisas vão embora, o produto ilícito não paga imposto, não gera emprego, não gera cadeia produtiva. Então, como brasileira, eu fico triste”. A avaliação é da gerente regional de Relações Científicas da BAT para Américas e Europa, Analúcia Saraiva, sobre os novos produtos de nicotina.

Em entrevista ao Olá Jornal durante o Fórum Global de Nicotina (GFN), em Varsóvia, Polônia, lamentou a falta de regulamentação para os produtos no país. “Eu fico triste de pensar que tantas outras pessoas têm sua qualidade de vida melhorada e podendo viver mais saudável, viver melhor. Infelizmente, no Brasil isso hoje não é possível”, declara comparando o país a pelos menos 80 outras nações onde os produtos já são regulamentados.

A regulamentação significaria oportunidade econômica tanto na saúde pública como em divisas. “Acho que o Brasil poderia se despontar enormemente, inclusive produzindo nicotina extraída do próprio tabaco. A região sul é um importante player, mas existem milhões de outras formas de continuar usando a nicotina que vem do tabaco, para que esse negócio seja expandido e o consumidor tome a decisão dele, no sentido de escolher qual é o produto que satisfaça, mas que ele continue ingerindo nicotina de uma forma menos danosa.”

Frente a não adoção de redução de danos no Brasil, Analúcia se diz surpresa. “Eu me surpreendo, porque o Brasil foi muito pioneiro quando se discutiu a redução de danos na época da AIDS. Existem pesquisadores, na época, que trabalhavam na Organização Mundial de Saúde e começaram a trazer essa ideia. E por que exatamente no tabaco isso não aconteceu?”

Além disso, questiona a falta de aceitação de pesquisas. “Toda a ciência que a gente produz, publicamos em jornais revisados por pares. Esse é o padrão ouro para qualquer publicação científica. Então, não entendo porque esses materiais são excluídos eventualmente numa audiência pública, em um dossiê que a gente apresenta para a Anvisa, porque essa é a forma correta de se fazer ciência em revisão por pares”, afirma.

RESPONSABILIDADE
A empresa tem investido cerca de 300 milhões de libras por ano em pesquisa e desenvolvimento em busca da melhor tecnologia. O objetivo é chegar a 50 milhões de consumidores destes produtos em 2030.

Para Analúcia, a empresa tem responsabilidade de oferecer alternativa ao consumidor. “O Brasil é um país importante, não só do ponto de vista comercial para a nossa empresa, mas também do ponto de vista de saúda pública. Existem cerca de 10% de fumantes hoje no Brasil que, pelo fato deles continuarem usando cigarro, demonstram que eles querem continuar usando nicotina. Então a gente entende que a nossa responsabilidade é continuar trabalhando com órgãos reguladores, com líderes de opinião, de forma que essas pessoas nos ajudem a amplificar o trabalho que a gente faz e também o que é realizado por outras instituições completamente independentes”, conclui.

Olá Jornal