As práticas conservacionistas do solo na produção de tabaco, principal cultura agrícola do Vale do Rio Pardo, poderão resultar em Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). Na prática, a retenção de carbono, a partir do manejo correto do solo e cultivo, poderá garantir ações de crédito de carbono. O projeto está em discussão entre a Universidade de Santa Cruz do Sul e a cadeia produtiva.
A pauta ainda está em fase inicial mas no futuro poderá garantir renda extra para produtores que cumpram medidas de conservação do solo, aliado a proteção de matas e cursos d’água. O PSA já é realidade para projeto de proteção de nascentes. Na região, três iniciativas do tipo possuem o selo fr acompanhamento da Unisc, em Vera Cruz, o primeiro desenvolvido, em Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul. Agora o crédito de carbono ganha destaque nos debates, e uma das iniciativas objetiva analisar o total de carbono retido pelo cultivo do tabaco nos três estados do Sul, onde a produção se concentra em maior volume do país.
Conforme a coordenadora do curso de Agronomia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Priscila Mariani, o manejo conservacionista do solo poderá ampliar as ações de proteção ambiental. “O manejo mais conservacionista do solo, onde se preserva matéria orgânica e a estrutura, teremos condições de ampliar o sequestro de carbono e consequentemente ampliar as ações de proteção da terra. Com isso, os produtores da região Sul poderão garantir participação em programas de pagamento por proteção ambiental”.
A docente revela que o Centro de Estudos Socioambientais da Unisc discute analisar o impacto da produção de tabaco no solo e demais medidas ambientais, como forma de garantir créditos de carbono aos produtores. “E aí hoje a gente está buscando, via centro também, projetos onde a gente está trabalhando tanto com sequestro de carbonos em plantas, mas também tentando diagnosticar essa questão de qual é o impacto que nós temos se tivermos uma agricultura mais conservacionista, sustentável, desde o manejo do solo, das culturas que estão sendo cultivadas,” reforça.
Conforme a professora, há condições, a partir da análise das principais regiões produtoras de tabaco, mapear o tamanho da produção, o total de créditos gerados e os impactos ambientais causados. A partir disso será possível garantir auditoria sobre a produção, ampliando as políticas de conservação. “Se nós estamos trabalhando com manejos mais conservacionistas, estamos contribuindo também na área de produção, da lavoura propriamente dita, ela também pode contar como pontos para que o produtor que faz o manejo mais sustentável ganhe mais do que o que não faz,” destaca.
O Centro Socioambiental Unisc foi apresentado na última semana, durante coletiva de imprensa. A estrutura irá reunir serviços nas áreas de carbono, saneamento, recursos hídricos, clima, reservas ambientais e educação.