O mercado global de nicotina líquida, estimado em US$ 320 milhões e com um consumo anual de 1,6 milhão de quilos, projeta um crescimento acelerado entre 15% e 20% ao ano, segundo o banco americano Goldman Sachs. Apesar do potencial econômico, o setor enfrenta obstáculos regulatórios no Brasil, inviabilizando a produção no complexo industrial da cadeia produtiva do tabaco já instalada em Venâncio Aires e na região.
Pelas normas atuais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é proibido importar, comercializar ou realizar propaganda de produtos relacionados à nicotina líquida. Essa restrição impede que empresas nacionais avancem nesse mercado, apesar de algumas possuírem tecnologia e capacidade industrial.
“Temos empresas no Brasil, como uma filial italiana em Santa Cruz do Sul, que já estão preparadas para produzir equipamentos de ponta para a indústria do tabaco e derivados, incluindo nicotina líquida”, afirma o presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing.
“No entanto, sem a mudança na legislação, é impossível trazer essa tecnologia ao país,” reforça.
Iniciativas lideradas por deputados federal, e estaduais, com novos debates sobre a regulação, buscam revisão das proibições. Uma subcomissão foi criada na Assembleia Legislativa, e debateu com especialistas da área a regulação dos novos dispositivos. Os debates foram propostos pelo deputado estadual Marcus Vinícius (PP). No relatório da subcomissão foram incluídos dados científicos e argumentos econômicos que serão apresentados à Anvisa e ao governo federal. O objetivo é sensibilizar as autoridades sobre os benefícios de regulamentar o mercado.
No cenário global, Índia e China lideram a produção de nicotina líquida, mas Valmor acredita que o Brasil poderia se tornar um competidor relevante devido ao seu parque industrial avançado. “O potencial do mercado é gigantesco, mas estamos perdendo espaço para outros países por conta das restrições internas”, destacou.
Enquanto o debate avança, a expectativa é que estudos e diálogo com o governo ajudem a desbloquear oportunidades para o setor no Brasil, permitindo que o país aproveite o crescimento global dessa indústria emergente.