Se a produção de proteína animal em Venâncio Aires já representa a segunda maior participação no PIB Agrícola – atrás do tabaco – na geração de empregos, o segmento ainda tem oportunidades para crescimento. O setor de fabricação de produtos alimentícios, onde estão inseridos os frigoríficos de Venâncio Aires, acumulam o terceiro maior estoque de trabalhadores na indústria da transformação local.
O segmento fechou o ano passado com 1.250 trabalhadores com carteira assinada. Entram na faixa os trabalhadores de indústrias de fabricação de laticínios, alimentos para animais (rações), fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais, abate e fabricação de produtos de carne e fabricação de outros produtos alimentícios. Somente o setor de abates, na Capital do Chimarrão, contou com 990 trabalhadores contratados em 2021.
Ainda no segmento de abates, o setor de aves foi o que registrou a maior variação positiva em 2021, com crescimento de 11,11% no número de contratações, fechando o período com 230 trabalhadores com carteira assinada.
O setor frigorífico tem sido atingido pelo preço das carnes no mercado interno e falta de matéria prima. Porém, mudanças na política de preços internacionais, por parte do Governo Federal em 2022, podem impactar de forma positiva ao longo do ano o crescimento no número de trabalhadores, especialmente por conta da ampliação de complexos industriais de unidades de abates instaladas na cidade.
MERCADO
O cenário econômico nacional, com elevação da inflação, tem desafiado a geração de empregos no setor frigorífico local. Os complexos industriais locais atendem o mercado interno. Apenas o Boi Gaúcho, de Vila Mariante, tem autorização para exportar. “Estamos verificando desde o ano passado uma desaceleração, motivada também pelo preço da carne no mercado brasileiro. Isso acaba afetando a contratação de mão de obra nas unidades locais. Além disso, há falta de matéria prima para abate, já que muitos produtores optam em vender para exportar o produto,” explica o administrador do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins de Venâncio Aires, Ricardo Sehn.
INVESTIMENTOS
O prefeito Jarbas da Rosa (PDT) destaca que o setor da proteína em Venâncio Aires tem se destacado como gerador de receitas no campo e na cidade. O gestor ressalta que no setor primário é o segmento agrícola que mais tem gerado novos negócios. “Trabalhamos em 10 novos aviários. O Município realiza como forma de incentivo a terraplanagem das áreas que receberão os investimentos,” explica.
Na geração de empregos, Rosa destaca que investimentos em plantas frigoríficas foram realizados nos últimos anos, mas mantém contatos com empresas do ramo para estimular a geração de empregos. Ainda no ano passado, uma comitiva de Venâncio conheceu a estrutura do polo da proteína animal de Santa Catarina, na região de Chapecó. “No setor primário a proteína já representa a segunda maior geração de receitas. Buscamos estimular também novos postos de trabalho no segmento, com incentivos às indústrias já implantadas e atração de novos empreendimentos para o município,” destaca.
PIONEIRISMO
O ex-prefeito Airton Artus (PDT), no seu primeiro mandato na Prefeitura de Venâncio Aires, viu o potencial do setor da proteína animal, após conversa com o então secretário municipal de Agricultura, Fernando Heisler, que na oportunidade destacou os números positivos do município em abates no Rio Grande do Sul. A Capital do Chimarrão ocupava a segunda posição em abates de bovinos, atrás de Santa Maria, números que se consolidaram de lá pra cá. A partir disso um plano municipal foi desenhado, envolvendo infraestrutura para as indústrias do setor, com o chamado PAC dos Frigoríficos, além de políticas de incentivos para atração de aviários e investimentos agrícolas.
Para Artus, o crescimento do polo da proteína é um caminho sem volta, com o desafio de fomentar as exportações. “A tendência é de crescimento com as exportações e ampliação do mercado nacional. A nossa produção tem qualidade. Este setor é um dos grandes eixos da economia,” afirma.
Além da política de investimentos públicos nos acessos às unidades, a Administração Municipal estruturou e modernizou o setor de fiscalização sanitária, com a implantação de novos registros e profissionais.
Conforme o ex-prefeito e atual pré-candidato a deputado estadual, os grandes negócios, como do setor frigorífico, garantem retorno rápido em tributos para os investimentos feitos. “O agronegócio e a exportação retorna os investimentos, com a geração de tributos, que acabam beneficiando todos na cidade,” conclui.
FOTO: Divulgação/Agência Brasil