Com duas etapas já realizadas e ainda outras duas por serem feitas, a pesquisa que visa mensurar a soroprevalência do novo coronavírus no Vale do Rio Pardo vem também apresentando uma análise detalhada do cenário da pandemia na região.
Embora apresente o avanço da Covid-19 a partir dos resultados dos testes rápidos na população, os questionamentos levantados pelos coletadores aos entrevistados também vem permitindo que a equipe técnica verifique uma série de informações relacionadas aos impactos econômicos, sociais e culturais que a doença tem causado.
“Todos os entrevistados respondem um questionário que nos ajuda a criar um conjunto de informações que serão úteis, posteriormente, na direção de pensarmos planos de retomada, bem como os efeitos da pandemia no que se refere à renda, aos empregos que foram perdidos, dentre outros quesitos”, comentou Camilo Darsie, que é doutor em Educação e possui pós-doutorado em Saúde Coletiva, professor da Unisc e integrante da equipe técnica da pesquisa.
Encomendado pelo Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo e realizado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o estudo tem levantado dados que auxiliam a criar um perfil dos municípios da região, o que pode oportunizar uma retomada mais rápida das atividades. “O desenvolvimento da pandemia é imprevisível. No entanto, quanto maiores as informações, melhores serão as chances de restabelecer dinâmicas que foram prejudicadas. Nessa direção a pesquisa é muito positiva, pois nos mostra como podemos reverter e transformar esses impactos em oportunidades no futuro”, ressaltou Darsie.
Dados a serem explorados
Dentre os itens expostos no questionário que permitem a análise socioeconômica, está a perda ou não do emprego pelos entrevistados; se tiveram o contrato suspenso ou redução da carga horária; qual o salário mensal; se utilizam máscara; se conseguiram fazer o distanciamento social; e para quais atividades saem à rua.
“A pesquisa está trazendo dados sociais de extrema relevância e que precisam ser explorados, além dos relacionados à saúde, sobretudo sobre o comportamento dos entrevistados para que se possa entender o impacto da pandemia em suas vidas e como isso pode ser trabalhado”, destacou Ana Paula Helfer Schneider, doutora em Saúde Coletiva e professora da Unisc, também integrante da equipe técnica da pesquisa.
A segunda etapa, realizada entre os dias entre 15 e 18 de agosto, apontou que 5,3% dos entrevistados relataram que pelo menos um morador de seu domicílio perdeu o emprego devido à pandemia. 18,8% tiveram a suspensão do contrato ou redução da jornada de trabalho. E 65,1% dos entrevistados recebem menos de três salários mínimos.
“No último levantamento, também percebemos que 61,5% dos entrevistados relataram fazer o distanciamento social, com grande vantagem para as mulheres. 97,2% utilizam a máscara quando fazem alguma atividade externa e 62% afirmaram sair apenas para as necessidades essenciais. Todo esse detalhamento vai permitir que os municípios possam traçar um plano de recuperação de renda e trabalho para essas pessoas”, complementou Ana Paula.
Para a enfermeira e diretora executiva do Cisvale, Lea Vargas, os gestores dos municípios terão acesso a informações técnicas, precisas e de qualidade com o objetivo de criar novas políticas públicas que auxiliem as comunidades nos próximos meses e no pós-pandemia. “O nosso trabalho no enfrentamento da Covid-19 tem sido pautado desde a chegada do vírus em dados científicos, e conhecer a realidade da região é de extrema importância para a tomada de decisões”, concluiu Lea.
Confira os resultados da segunda etapa da pesquisa:Total de testes e questionários aplicados: 1063
Testes com anticorpos presentes (IgM e/ou IgG): 23
– 61,5% dos entrevistados conseguem fazer o distanciamento social (64% entre as mulheres e 36% entre os homens)- 97,2% utilizam máscara ao sair de casa
– 62% saem apenas para atividades essenciais- 5,3% tiveram algum morador do domicílio que perdeu emprego
– 18,8% relataram suspensão do contrato ou redução da jornada de trabalho
– 65,1% dos entrevistados recebem menos de 3 salários mínimos- 5,6% procuraram atendimento médico nos últimos 30 dias por suspeita de Covid-19
– 50% dos entrevistados com resultado positivo relataram pelo menos 1 sintoma (coriza, dor de cabeça, tosse e dor no corpo foram os mais citados).
Terceira etapa neste final de semana
A pesquisa COVID-VRP conta com apoio da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) e da Philip Morris Brasil. O estudo transversal busca apresentar uma amostra representativa da população da região. Ao todo, serão quatro etapas de testes. As coletas ocorrem sempre aos finais de semana, a partir das 8 horas. A próxima será realizada neste sábado e domingo, dias 29 e 30 de agosto, nos 14 municípios de abrangência do Cisvale: Boqueirão do Leão, Candelária, Gramado Xavier, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz.