Pela terra, a sobrevivência no novo mundo

Olá Jornal
julho24/ 2020

Assim como os primeiros colonizadores que desbravaram a nossa região, novamente os agricultores estão mostrando a sua capacidade de pioneirismo. É pelo setor primário que a economia brasileira se firma e terá mais chances de reaquecer com a renovação de meios durante a pandemia. O colonizador já sabia que pela terra teria condições de sobreviver no novo mundo.

O cenário pós-pandemia já aponta que o agronegócio terá crescimento. O pequeno produtor tem garantido renda extra na produção de alimentos e o produto local ganha destaque e está sendo priorizado pelo consumidor.
A situação é verificada pela Emater, que atua na linha de frente nos incentivos aos agricultores. Conforme o chefe do escritório local da entidade de extensão rural, o Vicente Fin, o produtor venâncio-airense tem encontrado novos mercados, durante a pandemia.

“Estamos em um processo de reinvenção. No início da pandemia alguns agricultores não conseguiam revender os produtos, principalmente os encaminhados à Ceasa. Agora, constatamos que a procura pela produção local está aumentando e com certeza é uma tendência que veio para ficar,” explica.

CONSUMO LOCAL
O consumo maior dos alimentos produzidos pelos agricultores daqui também é verificado na Feira do Produtor. O espaço administrado pela Cooprova, ampliou em mais um dia os atendimentos, e pretende buscar autorização junto ao poder público para ocupar mais uma sala no prédio aos fundos da sede administrativa.

“A produção de alimentos, junto com o cultivo do tabaco, tem registrado crescimento desde o início dos anos 2000. Isso é reflexo de um trabalho importante feito pela Emater, com apoio do poder público e de uns tempos para cá, com as indústrias. O agricultor tem se renovado e agregado renda além do tabaco,” destaca Fin.

TABACO ABRE ESPAÇO
O interesse do mercado tem incentivado os produtores a investirem na diversificação da propriedade com a criação de animais e cultivo de outras culturas vegetais como milho, soja e mandioca. Tanto que o tabaco representa menos da metade da receita bruta da propriedade, passando de 53% na safra 2017/18 para 48,8% em 2018/2019. A estimativa da Afubra para a safra atual 2019/20 é de ficar em 49%.

Quem tem ganhado posição é a criação de animais, que ocupa a segunda posição na origem de receitas com previsão de 31,9% nesta safra. O índice é o maior do período, sendo que na safra 2017/18 a representatividade era de 26,8% e em 2018/19 chegou a 29%.

O crescimento da produção animal com adesão dos produtores aos sistemas integrados de cooperativas pode justificar a queda na produção de vegetais. A representatividade, que já foi de 24% na safra 2017/18, deve ficar em 18,9%. A queda já ocorreu na safra passada quando alcançou 18%.

De acordo com o presidente da Afubra, Benício Werner, as políticas de incentivo a diversificação aliadas à procura pelos consumidores auxiliam nesse processo. “O que estamos notando é que a receita do tabaco vem caindo. Com ainda mais políticas municipais, feirantes se profissionalizando e munícipes colaborando faz com que estimule o produtor que colhe e vende direto o produto fresco.”

Para Werner, os efeitos da pandemia quase passaram em branco para colonos e motoristas que continuaram ativos e relevantes mantendo as chamadas atividades essenciais. “Duas classes que toda nação depende, fazem girar a economia brasileira. Produzir e transportar é a velha máxima”, afirma.

Quem carrega o essencial

Se na produção agrícola, pioneira na colonização, os processos de adaptação durante a pandemia também estão ocorrendo, na profissão de motorista o caminho é o mesmo. Isso porque, durante as políticas de isolamento social, os serviços de entregas tiveram aumento da demanda. No cenário nacional, tem crescido a procura por aplicativos de entregas com serviços de motoboys, por exemplo. Por outro lado, a pandemia também coloca luz na categoria, que vêm os ganhos diminuírem e os riscos à saúde, aumentando.

No Brasil o principal aplicativo de entregas, o iFood, viu se formar uma lista de espera por entregadores registrados. De março a junho deste ano, a plataforma recebeu 480 mil novos cadastros e não deu conta de absorver todo mundo. O número é mais de três vezes a quantidade de entregadores que estavam habilitados em fevereiro (131 mil), antes da pandemia. Em março, os entregadores passaram a 170 mil.

FOTO: Albino Oliveira/MAPA

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