O Paraguai voltou com tudo para Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP8). Além de querer sediar o evento em 2020, está aberto a combater o contrabando além de todos os itens que estão em discussão. O diretor-geral da Vigilância Sanitária do país, Guilhermo Sequera afirma que o interesse é para além da saúde. “Queremos colocar esse assunto na agenda do governo que está aberto para tratar do que for preciso.” Ele afirma que as ações dependem de articulação com o congresso mas que estão dispostos a enfrentar os temas.
Para isso uma comissão periódica e grupos de trabalho da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco serão enviados ao Paraguai para auxiliar na implantação do tratado mundial de saúde, que busca reduzir o consumo de cigarros e a circulação de produtos irregulares. O Paraguai está disposto a ratificar o protocolo do comércio ilícito que depende de aprovação do Congresso. Também se compromete a tomar ações com juntas com o Brasil nesse sentido, uma reivindicação da cadeia produtiva. Para o Paraguai, este é um assunto a ser tratado por todos em nível de Mercosul.
Hoje 99% do tabaco do Paraguai vem do Brasil. A produção envolve 1,5 mil famílias mas as indústrias do setor estão entre as três principais da economia. Atualmente existem no país 10 companhias tabacaleiras no total, metade são brasileiras. De acordo com Sequera, cerca de 15% da população é fumante e os custos com saúde chegam a R$ 309 milhões no ano.
A medida pode ser avaliada de forma positiva para a cadeia produtiva brasileira, já que o Paraguai é a porta principal de trânsito do cigarro ilegal, vendido no mercado irregular. Estima-se que cerca de 48% do mercado de cigarros do Brasil seja ocupado por produtos que entraram ilegalmente no país. Segundo levantamento do Fórum Nacional de Combate à Pirataria (FNCP), o Brasil tem por ano, em média, R$ 115 bilhões de prejuízo por conta de crimes de contrabando e descaminho.