Olimpíadas: Dia de duas medalhas para o Brasil, na ginástica astística

Janine Niedermeyer
agosto14/ 2016

Nos Jogos Pequim 2008, Diego Hypolito caiu sentado. Em Londres 2012, foi a vez de cair de cara em sua apresentação. Neste domingo, dia 14 de agosto, o ginasta caiu de pé e o choro foi de alegria com a conquista da medalha de prata no solo dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Durante o longo período de espera, Diego passou por muitos dramas: teve depressão e foi internado. A recompensa demorou, mas veio oito anos depois. Para completar o dia histórico da ginástica brasileira, que jamais havia colocado dois ginastas no pódio, Arthur Nory assegurou o bronze na prova.

Diego foi o segundo ginasta a competir entre os oito finalistas e recebeu 15.533 pontos, enquanto Nory foi o quinto a se apresentar e somou 15.433. Mas ainda faltavam competir o japonês atual campeão mundial, Kenzo Shirai, e o norte-americano Jacob Dalton, que poderiam estragar a festa brasileira.

“Não consigo acreditar que seja real. Só mostra que, se você acreditar, é possível alcançar o seu sonho. Essa é a minha terceira Olimpíada e nem era tão bom quanto eu fui nos outros Jogos e consegui uma medalha. Isso é inexplicável. É uma sensação maravilhosa que só tenho a agradecer às pessoas que acreditaram em mim O que aconteceu hoje é o momento mais importante da minha vida”, ressaltou Diego, que não escondia sua ansiedade após se apresentar.

O ginasta admitiu que não esperava conquistar medalha. “Há pouco tempo, não era nem titular da equipe olímpica. Aí eu me classifiquei para a Olimpíada. Fiquei em quarto lugar no primeiro dia de competição, o que já foi um grande sonho. Hoje, quando terminou, eu achava que ia dar um quinto, um quarto lugar”.

Diego fez questão de dividir a medalha com o técnico Marcos Goto, que também é o treinador do atual campeão olímpico nas argolas, Arthur Zanetti. “O Zanetti é uma inspiração para mim e o Marcos é um merecedor dessa medalha. Ele acreditou em mim quando ninguém acreditou, quando os treinadores disseram que eu não podia, ele falou que eu podia. O Marcos me ajudou nessa reta final e fez com que eu me tornasse medalhista olímpico”.

Sobre a presença de dois ginastas brasileiros no pódio, Diego disse que jamais imaginou que poderia acontecer. “Nunca imaginei que pudesse ser real: ver dois atletas medalhistas olímpicos. Para mim era impossível”.

Bronze

Arthur Nory também fez questão de ressaltar a importância da confiança mútua entre ele e o técnico Cristiano Albino. “Ele é o grande responsável por isso tudo porque confiou em mim desde o início da minha carreira. Falei para ele que queria dificultar a minha série, fazer o elemento inédito, muito difícil e que chama a atenção. Depois da final geral já comecei a treinar. Ele sonha junto comigo”, afirmou Nory.

“Um filme passou na minha cabeça, a minha história na ginástica, toda luta, acordando cedo, acreditando e sonhando que isso um dia ia acontecer. Depois que fiz a série evitei olhar as outras. Pela classificação tinham mais três ginastas muito bons que podiam me passar. Era um sonho ser medalhista olímpico”.

Nory admite que sua meta era outra. “Depois que acabou a competição eu disse: estou feliz, mas eu queria muito uma final de barra. Treinei muito para ser finalista e medalhista, e veio o solo. Depois foi caindo a ficha e comecei a lembrar de todas os meus campeonatos de solo desde 2013, quando disputei o meu primeiro Mundial, e sempre por dois décimos eu ficava fora da final e o solo sempre foi o meu melhor aparelho. Aí veio o filme na cabeça de ser finalista. Depois disso, eu aceitei. Se é para estar na final do solo, vou disputar medalha, vou dificultar a série”, explicou o ginasta que colocou um duplo mortal com duas piruetas na posição carpada para garantir a medalha olímpica.

Agora o Brasil soma 6 medalhas: 1 ouro, 2 pratas e 3 bronzes!

Fonte: COB

Janine Niedermeyer