Os meses isolados e o uso da educação remota mudaram as formas de aprendizagem no período de pandemia. O Dia do Estudante, comemorado nesta quinta-feira, 11, destaca os desafios para ensinar e formar novos cidadãos. Tantos meses isolados em casa fez com que os relacionamentos se tornassem mais distantes e através de uma tela. Os formandos neste período chegam ao ensino superior, e o novo perfil do estudante tem sido acompanhado de perto pela reitora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
Para muitos alunos da rede básica, a pandemia provocou um abalo emocional, com aumento de ansiedade e depressão na população em geral, em especial em jovens. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a prevalência global desses sentimentos negativos aumentou 25% só no primeiro ano da pandemia. Já em um levantamento realizado pelo Instituto Ayrton Senna, com estudantes de São Paulo em 2022, 70% dos estudantes relatam sintomas de depressão e ansiedade. A avaliação ainda demonstrou que, quanto menores os índices de saúde mental do estudante, mais ele pode ter dificuldade de aprendizagem.
Essa nova realidade, segundo a Diretora de Ensino da Unisc, professora Giana Sebastiany, ocorre pela troca do ensino remoto, para a presencialidade. “Verificamos nessa interação com a tecnologia respostas imediatas, porém, embora a sala de aula utilize meios tecnológicos, as interações não são tão rápidas. Os novos estudantes demonstram ansiedade e dificuldades de concentração, já que retomamos a construção de vínculos. Esse ponto é fundamental na formação dos alunos, desde a educação básica, até o ensino superior.“
Segundo a professora, o imediatismo dos novos alunos pode gerar frustrações no processo de aprendizagem. “São jovens imediatistas, que buscam as respostas o quanto antes e isso gera dificuldades para lidar com as frustrações. O mundo real não é igual às telas, e os estudantes que passaram os últimos anos do ensino médio com educação remota são estudantes que requerem uma atenção especial, e ações para trabalhar as questões de pertencimento,“ comenta.
Para a docente, o aperfeiçoamento profissional dos professores é constante na instituição, buscando garantir suporte aos novos acadêmicos. “Esse novo estudante da universidade não tem mais perfil de passar os cinco dias com atividades expositivas. Ele sabe que é possível ter acesso ao conteúdo por outros meios. O professor precisa ser um provocador e essa nova realidade não diminui o papel do professor. A metodologia precisa ser diversificada, envolvendo interação,” explica.
REINVENÇÃO
A Unisc já projetou sua reinvenção pedagógica em 2019, propondo atividades mais práticas do que teóricas na formação profissional. Este processo também foi ampliado para o período pós-pandemia. “O mundo do trabalho é dinâmico. O jovem aluno de hoje será um eterno estudante. Formação do ensino superior é uma base, mas será contínua na vida do profissional. Ensino superior precisa ser dinâmico, ágil, fomentar o novo,” destaca.
ESTUDANTE
A profissional lembra ainda a importância de aproveitar as oportunidades durante o processo de formação profissional. “Estudar é fundamental para a nossa existência. A educação é um direito de todos, mas nem todos conseguem exercer este direito. Mas aqueles que conseguem devem valorizá-la e devem tentar aprofundar ao máximo o tempo que vivem com dedicação para este estudo e formação,” finaliza.
FOTO: Divulgação/AI UNISC