O segundo maior produtor e o maior exportador de tabaco do mundo vê 173 mil empregos e mais R$ 6 bilhões ao PIB virarem fumaça dentro de seu próprio território. É o que aponta estudo inédito da Oxford Economics no Brasil. O país amarga a ilegalidade na liderança do mercado nacional de cigarros, 57% segundo o Ibope Inteligência.
O estudo mostra como o cigarro ilegal corrói a geração de emprego e renda, a economia, a produção de tabaco e a segurança dos brasileiros. A pesquisa estimou que a substituição dos cerca de 63,4 bilhões de cigarros ilegais que circulam no país por produtos legítimos, produzidos no Brasil, sustentaria uma contribuição adicional de R$ 6 bilhões ao PIB e apoiaria a criação de 173.340 empregos. A atividade extra também geraria R$ 1,3 bilhões em receitas fiscais adicionais (impostos sobre a produção e associados à venda dos cigarros).
Gerar uma maior atividade econômica no país é um gargalo evidente na visão do economista responsável pela pesquisa, Marcos Casarin. “Mais da metade do mercado está dominado por marcas ilegais, que não pagam impostos, não geram empregos formais e ainda contribuem para financiar o crime organizado. É um setor intensivo em mão de obra, logo nas análises que fizemos, fica claro que os impactos econômicos de sua cadeia produtiva são muito maiores na geração de emprego e renda do que no PIB”, avalia.
RIQUEZA
Somente em 2019, a indústria nacional de cigarros contribuiu com R$ 9,4 bilhões para o PIB, sendo R$ 3,1 bilhões de atividade de cultivo de folhas, R$ 1,2 bilhão em produção de cigarros, R$ 0,9 bilhão em serviços de distribuição de valor agregado, R$ 2,5 bilhões em contribuição indireta e R$ 1,7 bilhão em atividades induzidas, conforme metodologia Oxford. Além disso, o país obteve em tributos sobre a produção e venda do mercado nacional de cigarros aproximadamente R$ 12,3 bilhões; observando-se apenas o IPI, o mercado nacional de cigarros representou 9,3% de todo o IPI arrecadado no País.
EMPREGO
Hoje, o mercado legal de cigarros gera 251,4 mil empregos no país, sendo 186 mil pessoas – quase três quartos – em empregos diretos, nas fábricas de tabaco, distribuidores de cigarros e, principalmente, no segmento de cultivo que, sozinho, responde por 94 mil trabalhadores. O Brasil é o segundo maior produtor de folha de tabaco do mundo, somente atrás de China. A atividade se estende geograficamente por 557 municípios, segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).
Mas o impacto total nos empregos vai além do serviço realizado na própria indústria. Segundo o levantamento, em 2019, os produtores, fabricantes e distribuidores envolvidos na cadeia compraram aproximadamente R$ 3,5 bilhões em insumos de empresas brasileiras fora do próprio setor do tabaco. A Oxford considerou os empregos indiretos, nas cadeias de fornecimento que dão suporte às fábricas de tabaco, como é o caso dos terceirizados (35,3 mil), e os induzidos (30,1 mil).
Esta última categoria compreende os benefícios econômicos em sentido amplo, que se dão quando os trabalhadores empregados por essas fábricas e também pelas empresas de suas cadeias de fornecimento gastam o que ganham, por exemplo, em lojas e estabelecimentos de lazer.
FOTO: Divulgação/AI FNCP
Nesta quarta-feira, 03, Dia Nacional de Combate ao Contrabando e a Falsificação, estudo aponta o custo do mercado ilegal de cigarros na geração de renda e tributos. Série especial mostra as consequências do contrabando como líder do mercado nacional