Apesar de possuir a promissora ação de reduzir o tempo de internação hospitalar de pacientes do novo Coronavírus (Covid-19), a chegada do Remdesivir até a ponta ainda é incerta. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como primeiro medicamento com indicação para tratamento da doença, a medicação pode diminuir em até cinco dias o tempo de permanência do paciente no hospital.
Para a médica infectologista, Sandra Knudsen, a medicação pode contribuir. “Em princípio a ideia é bem boa. Usar uma medicação antiviral direta que diminua a carga do vírus e o tempo que ele fica na via aérea da pessoa, dessa forma conseguindo abreviar o tempo da doença, seria ótimo se realmente funcionar dessa forma em larga escala”.
Em um momento de sobrecarga do sistema hospitalar em todo o país, e também no município, a medicação seria importante no enfrentamento da doença. Sandra explica que hoje o tempo de internação dos pacientes é muito variável e depende da gravidade do quadro clínico. Um paciente de enfermaria que usa oxigênio em óculos nasal com baixo fluxo, por exemplo, fica em média uma semana.
Já um paciente de UTI que vai para ventilação mecânica permanece em média três semanas internado. “Qualquer medicação que reduz o tempo de internação nos ajuda. Se o Remdesivir tiver um papel em diminuir o tempo de internação, com certeza ajuda muito na sobrecarga no serviço de saúde”, avalia.
Apesar da ação positiva, a infectologista alerta que a nova medicação não solucionará a pandemia mas trata-se de um aliado. “Acredito que é mais uma ferramenta, mais uma coisa que pode nos ajudar mas não de dizer que é a solução de todos os problemas. Não adianta ter essa expectativa que não é a realidade”.
INDEFINIDO
Apesar da expectativa, não há previsão do medicamento chegar até os hospitais pois ainda depende de alguns processos como negociação e a liberação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). O Ministério da Saúde negocia com a fabricante, entre outros tópicos, o preço do fármaco no país. Estima-se que o tratamento possa chegar a R$ 17 mil.
O Remdesivir é produzido pela biofarmacêutica Gilead Sciences e o seu nome comercial é Veklury. É um medicamento injetável produzido no formato de pó para diluição de uso restrito aos hospitais, onde os pacientes podem ser devidamente monitorados pela equipe médica e não deve ser vendido em farmácias. A substância impede a replicação do vírus no organismo, diminuindo o processo de infecção.
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