O Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) discute a importação conjunta de medicamentos do kit intubação para a Covid-19. A casa de saúde faz parte da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Rio Grande do Sul que lidera negociação para aquisição de medicamentos importados, liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido ao desabastecimento nacional.
A frente de negociação formou-se nesta semana para viabilizar a medicação aos hospitais associados que já repassaram informações sobre seus estoques. De acordo com o farmacêutico responsável técnico e coordenador de suprimentos do HSSM, Cássio Severo, a situação está ainda mais preocupante neste momento. “Temos estoques para mais alguns dias e nenhum fornecedor mais está cotando, o que significa sinal de falta mesmo”, explica.
FÔLEGO
A decisão da Anvisa permite a importação direta de diversos medicamentos e dispositivos médicos não regularizados no país, por órgãos e entidades públicas e privadas, bem como serviços de saúde. A medida tem caráter excepcional e temporário para produtos identificados como prioritários para o combate à pandemia, em especial aqueles utilizados na sedação e anestesia.
Na visão de Severo, a decisão é animadora no entanto depende de desburocratização do sistema de importação. “Muito importante esta medida da Anvisa, espero não ser tarde demais, pois importações são bastante burocráticas, tornando-se muitas vezes bastante demorado. Se continuar com esta dificuldade e a importação demorar sim, corremos riscos pacientes podem ficar sem medicação”, alerta.
CRISE
A crise dos anestésicos já havia sido prenunciada pelo o farmacêutico em matéria do Olá do último dia 10. O consumo médio diário desse tipo de medicamento na casa de saúde já era 227,96% maior nos oito primeiros dias de março, comparado a média diária de fevereiro. A casa de saúde recebeu recentemente uma remessa enviada pelo Governo do Estado a 30 hospitais gaúchos, suficiente para atender um dia, se utilizado em todos os pacientes nessa condição.
O governo federal realizou reuniões nesta segunda, 22, e terça-feira, 23, com representantes das indústrias de medicamentos “para alerta e pedido de auxílio efetivo”. De acordo com o governo, informações sobre a disponibilidade em todo território nacional e da indústria e de distribuidores estão sendo enviadas para que os estados possam realizar a requisição.
Um dos principais laboratórios do país anunciou a entrega ao Ministério da Saúde de 100% dos medicamentos requisitados para a Intubação Orotraqueal (IOT). O objetivo é garantir a distribuição equitativa de medicamentos para hospitais públicos e privados, sem qualquer tipo de favorecimento e de acordo com a efetiva demanda de cada região, desencorajando que alguns hospitais fiquem excessivamente estocados em detrimento de outros.
ANVISA
De acordo com a Anvisa, os medicamentos a serem importados devem ser pré-qualificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ou possuir regularização válida em país cuja autoridade regulatória seja membro do Conselho Internacional para Harmonização de Requisitos Técnicos de Produtos Farmacêuticos de Uso Humano (ICH). No caso de dispositivos médicos, o produto deve ser pré-qualificado pela OMS ou regularizado em país com autoridade regulatória membro do International Medical Devices Regulators Forum (IMDRF). “Em todos os casos, deve-se apresentar o comprovante de cumprimento de Boas Práticas de Fabricação, ou documento equivalente, do país”, explicou a agência reguladora.
FOTO: Divulgação/AI HSSM