Ao contrário do que diz a propaganda do governo veiculada nos últimos dias na mídia, a reforma da Previdência não irá poupar os rurais. Conforme a emenda apresentada à PEC 287, os segurados especiais terão que comprovar 180 contribuições mensais para garantir o direito à aposentadoria. A exigência prejudica os agricultores que reivindicam a manutenção do atual sistema de recolhimento à Previdência Social, sobre a comercialização via Bloco do Produtor. “A produção agrícola é sazonal, assim como a renda. Como vão fazer para contribuir quando houver frustração de safra? Esse modelo é excludente e vai impedir que grande parte consiga ter acesso ao benefício”, critica Schuch.
No novo texto encaminhado ao Congresso, a idade mínima para os agricultores e as agricultoras foi mantida em 60 e 55 anos, mas, na avaliação de Schuch, a matéria segue sem a menor condição de se aprovada. “O governo mente quando diz que os trabalhadores rurais ficarão fora da reforma. Sem falar nos assalariados urbanos e rurais, que continuam sendo prejudicados com o aumento da idade mínima para 65 anos nos homens e 62 anos mulheres”, afirma. “Fizeram uma maquiagem na tentativa de ludibriar a opinião pública e conseguir convencer os deputados, mas os pontos centrais não foram alterados e os direitos dos trabalhadores permanecem ameaçados, enquanto que os privilégios e as altas e precoces aposentadorias não foram mexidos”.
Para Schuch, a mobilização deve ser retomada com força total. “Não podemos deixar esse projeto avançar. Se o governo quer aumentar a arrecadação e cortar despesas, que cobre os sonegadores, reveja os incentivos para grandes empresas e o pagamento da dívida pública que consome 44% do orçamento da União e, principalmente, estanque a corrupção”.
CRÉDITO: AI Heitor Schuch PSB