O governo gaúcho está de olho no debate sobre a liberação dos cigarros eletrônicos no Brasil e mira receber a instalação de fábricas desses novos produtos de tabaco. A afirmação foi feita com exclusividade ao Olá Jornal pelo governador Eduardo Leite (PSDB), em Brasília, durante a instalação da Frente Parlamentar Tradicionalista. O evento ocorreu na quarta-feira, 07, na noite anterior à primeira audiência pública da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realizada na quinta-feira, 08.
Leite vê na aprovação da regulamentação uma oportunidade de unir saúde e geração de riquezas. “Me parece uma causa justa para ser bem debatida tecnicamente sem preconceitos e assim possa-se buscar o melhor caminho adequado que garanta a sustentabilidade desse negócio com a redução dos impactos da saúde da população, que o cigarro eletrônico proporciona, e quem sabe novos investimentos e inclusive novas unidades industriais no Rio Grande do Sul”.
Para o governador, é muito difícil ver o Rio Grande do Sul sem a produção de tabaco. “Seguramente é muito difícil, é uma característica da nossa produção agrícola. Esse consumo é milenar então que a gente possa a partir da tecnologia promover redução do impacto na saúde e garantir ganhos econômicos também para o estado que produz e que pode auferir ainda mais renda a partir da implantação de nova unidades industriais para fabricação dos dispositivos, inclusive para os novos cigarros eletrônicos”, avalia.
DEFESA
O estado esteve representado durante a audiência pública da Anvisa pela secretária de Relações Federativas e Internacionais do RS, Ana Amélia Lemos, que trouxe dados da expressão e a relevância socioeconômica do tabaco para o estado levantados pela secretaria de desenvolvimento econômico e turismo. A cultura gera R$ 2,8 bilhões como renda da cadeia produtiva e fatura mais de US$ 1,5 bilhões em mais de 220 municípios. Os maiores produtores são Canguçu, com mais de 5 mil famílias de pequenos produtores, Venâncio Aires e São Lourenço do Sul. “O nosso estado que está com pagamento dos salários dos funcionários atrasados, inclusive na saúde, não pode abrir mão de uma renda que é auferida por essa cadeia produtiva”, destaca Ana Amélia.
APOIO FEDERAL
O secretário federal da Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke, reforçou ao Olá Jornal o apoio do Ministério da Agricultura à cadeia produtiva, durante a instalação da Frente Parlamentar Tradicionalista. “O Ministério da Agricultura tem uma posição clara até porque a gente faz a defesa da produção agrícola. A questão da saúde a gente nem se envolve é um papel do Ministério da Saúde que tem outro posicionamento, mas em termos gerais o governo é liberal, é um governo que privilegia a produção e geração de riqueza e nós estamos trabalhando para cada vez mais fortalecer não só a cadeia do tabaco mas todas as atividades lícitas e de produção agrícola do país”.
Schwanke reafirma que a produção de tabaco é uma cultura lícita e que se o Brasil não plantar outros países irão fazê-lo. “Estamos falando mais de 50 mil famílias e um produto que 89% é exportado, então se ele não for produzido no brasil vai ser produzido na África ou qualquer outro lugar,” prevê.