Um olhar mais atento a redução de danos é o que alerta especialistas que estiveram reunidos em Varsóvia durante o Fórum Global da Nicotina (GFN). A 11ª edição do evento na capital da Polônia trouxe diversos temas para o debate entre as maiores autoridades sobre o assunto no mundo. Entre eles ciência, regulação, política, diretos humanos e no centro a economia para benefício fiscal da saúde pública.
O chefe do Departamento de Alergia, Doenças Pulmonares e Doenças Internas do Instituto Nacional de Medicina de Varsóvia, Professor Dr Andrzej Fal, alertou para a necessidade de mais atenção à redução de danos. “Os políticos precisam de olhar com mais cuidado para o que está a acontecer e ser um pouco mais flexíveis e dispostos a compreender e cooperar.”
O especialista dos Estados Unidos, Clive Bates, ressaltou o papel dos consumidores no avanço das políticas regulatórias. “As sociedades médicas, os organismos profissionais, os grupos ativistas, todos estão a criar um ambiente cultural que é hostil à redução dos danos do tabaco, e a ciência, até certo ponto, reflete esse ambiente e as normas que estão a ser estabelecidas nesse ambiente. Na política, a empatia emocional conta muito. Portanto, nunca sinta que não pode competir num mundo de afirmações científicas, porque se você foi um vaper, você tem experiência direta, e isso conta muito na política.”
No último painel realizado neste sábado, 15, a professora, Marewa Glover, uma das principais pesquisadoras de controle do tabaco da Nova Zelândia, chamou atenção para a polarização do debate. “Uma das estratégias das guerras culturais é criar polarização. Dividir as pessoas, e isto também é uma estratégia política, dividir as pessoas, facilitar a dúvida, criar medo e encorajar as pessoas a sentirem raiva daquelas pessoas que têm um ponto de vista diferente, o outro ponto de vista. Vaping é apenas mais um campo de batalha onde eles podem jogar”, afirmou a especialista com 31 anos de trabalho na redução dos danos relacionados ao tabaco.
De acordo com a analista financeira de Wall Street especialista na indústria de tabaco, Vivien Azer, este é um caminho sem volta e que deve trazer benefícios a todos. “A perspectiva é que a interrupção dos novos produtos de nicotina se acelere, porque as principais empresas públicas de tabaco estão a incentivar os consumidores a abandonarem os cigarros combustíveis de maior risco.”
O Olá Jornal fez a cobertura do GFN pela primeira vez presencialmente direto de Varsóvia. O evento é acompanhado de forma virtual desde 2020 quando foi implementada a coluna Futuro da Nicotina, um espaço dedicado a trazer informação sobre redução de danos e novos produtos de nicotina.
Foto: Janine Niedermeyer