A direção da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo) está em Santa Catarina, acompanhando os desdobramentos causados pelo fechamento de duas unidades da empresa Souza Cruz. A usina de beneficiamento de tabaco, que funcionava em Blumenau e a unidade de compra de tabaco, instalada em Sombrio, tiveram suas operações encerradas na última terça-feira, 3. A Fentifumo, que representa os trabalhadores das indústrias, por meio dos sindicatos filiados, acusa de negligência do governo federal, pela ineficiência no combate ao contrabando.
De acordo com o presidente da Fentifumo, Gualter Baptista Júnior, que está em Santa Catarina, a decisão de encerrar as atividades nas duas cidades mostra que a indústria legal perde força diante do contrabando de cigarros no Brasil. “O setor de tabaco, mais uma vez, sofre um golpe com este anúncio, de fechamento de duas unidades da Souza Cruz. Plantas tradicionais, que faziam parte da história destas duas cidades em Santa Catarina”, destaca.
Para o presidente da Fentifumo, o mais assustador na decisão da Souza Cruz, que atribuiu o fechamento das duas plantas por conta de um ajuste, para continuar competitiva no mercado, é o fato de que a causa real poderia ser evitada pelo governo federal. “É certo que esta decisão está ligada ao mercado ilegal de cigarros. A Fentifumo se solidariza com as famílias dos funcionários que perderam seus empregos, e ao final do mês, não terão mais a dignidade do salário”, destaca o presidente.
Segundo ele, estas demissões somam-se ao montante de 13 milhões de desempregados no Brasil, trazendo para o setor do tabaco esta incerteza quanto ao emprego e manutenção dos postos de trabalho junto às indústrias. “Parece que o governo não capta este clamor pelos empregos no setor do tabaco. Se discute muito o combate ao consumo do cigarro, porém, este combate feito pelo governo ocorre em cima das empresas legais, que recolhem impostos, que mantém empregos.”
O presidente da Fentifumo conta que o contingente de trabalhadores que perderam seus empregos com o fechamento das unidades pode ser baixo, no entanto, exibe um problema social, por meio do impacto que o encerramento das atividades em duas cidades gera. “São fornecedores, prestadores de serviço da Souza Cruz que ficam sem seus clientes. Além deles, estes trabalhadores que ora estão desempregados deixam de consumir no comércio. Tem todo entorno que é afetado com esta decisão”, alerta Baptista Júnior.
A Fentifumo preocupa-se com o comportamento do governo diante desta medida, ao não entender que uma das principais causas deste problema está ligada ao contrabando. “Até quando iremos olhar para esta situação, na qual estamos perdendo para o contrabando, que está aí, a olhos vistos, responsável por 53 e 57% do consumo do tabaco no Brasil é do contrabando. Isto não é a Fentifumo quem diz, é o Ibope. E o que o governo diz sobre isso, nada.”
O presidente da Fentifumo deverá permanecer, até o fim de semana em Santa Catarina, acompanhando o desfecho do encerramento das atividades da Souza Cruz nas cidades de Blumenau e Sombrio. “É uma vergonha que as nossas autoridades não consigam enxergar esta mazela causada pelo contrabando de cigarros neste país”, complementa.
CRÉDITO: AI Fentifumo