A explosão de casos do novo Coronavírus (Covid-19) em todo o país coloca o sistema de saúde novamente em uma crise no fornecimento de anestésicos. O consumo médio diário desse tipo de medicamento no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) já é 227,96% maior nos oito primeiros dias de março, comparado a média diária de fevereiro.
O consumo de oito dias está prestes a bater todo o consumo do mês de fevereiro. Já foram consumidas até esta segunda-feira, 08, 3.795 ampolas contra as 4.050 ampolas utilizadas em todo o mês de fevereiro.
Os anestésicos (bloqueadores neuromusculares e sedativos) são essenciais para a intubação dos pacientes. Com o aumento de internações em nível nacional, o produto está sendo racionado pelos fornecedores como forma de atender a todos os pedidos, afirma o farmacêutico responsável técnico e coordenador de suprimentos da casa de saúde, Cássio Severo.
No caso do HSSM, o estoque de dois fármacos desse tipo de medicação é de um dia. “Não se trata de falta de dinheiro, mas de disponibilidade do produto. Utilizamos uma plataforma de compras, a maior do Brasil, e todos os dias colocamos ali o total de itens que necessitamos, mas na maioria das vezes não há quantidade suficiente. O fornecedor manda o que consegue e no dia seguinte temos que colocar novamente no sistema”, explica.
A média diária de consumo de anticoagulantes também está maior em março. O aumento é de 64,38%, passando de 39,39 ampolas por dia em fevereiro (total de 1.103) para 64,75 ampolas por dia em março (total 518). De acordo com Severo, um dos medicamentos dessa classe já está em falta no mercado desde esta terça-feira, 09.
O momento é de apreensão. “É desafiador lidar com essa situação, na incansável luta de garantir o ressuprimento de insumos, com custos elevadíssimos, e o aumento exorbitante da demanda. Além disso tem a gestão de equipe, que está trabalhando além de seus limites para auxiliar, no que for preciso, para garantir o atendimento adequado dos pacientes”, desabafa.
DE NOVO
A primeira crise de anestésicos utilizados no tratamento da Covid-19 ocorreu em agosto de 2020. Um levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) analisou dados de compra e consumo em mais de 1,5 mil estabelecimentos de saúde. De acordo com o levantamento, a demanda por sedativos e anestésicos durante a pandemia já era tão alta na época que, no período de 30 dias, equivaleu ao consumo dessas substâncias durante todo o ano de 2019.