O ex-diretor da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA em inglês), Mitch Zeller, defende que os fumantes tenham opções alternativas ao cigarro tradicional e destaca o papel de governos e agências reguladoras neste processo. Sua experiência no Centro de Produtos de Tabaco da FDA o coloca como uma das vozes de maior referência durante a 8ª Cúpula do Cigarro Eletrônico (E-Cigarrete Summit), realizada em Washington nesta terça-feira, 14.
Em entrevista ao Olá Jornal, que acompanhou o evento direto da capital americana, ele afirmou que oferecer novas opções é dever de qualquer país que tenha uma agência regulatória baseada em evidência. “No que eu chamaria de um mercado regulado propriamente, tem que haver regulamento, não pode ser um mercado livre para todos, onde são as empresas e os desenvolvedores de produtos e os profissionais de marketing que fazem as decisões sobre o que vai para o mercado e quais acusações podem ser feitas. Tem que haver uma agência regulatória baseada em ciência, estando entre a empresa e o consumidor. Então é isso que eu chamaria um mercado regulado de forma adequada. Eu acho que se tivéssemos isso em qualquer país, haveria um lugar para produtos alternativos e menos perigosos”, avalia.
Para Zeller, existe interesse dos fumantes em deixar de fumar, no entanto, não há êxito pelo método tradicional de cessação. “Aqui nos Estados Unidos, mais de metade de todos os fumantes dizem que querem tentar desistir. A taxa de sucesso é muito, muito baixa. E eu diria que mais de 90%, muito mais de 90% dos fumantes preocupados com saúde nos Estados Unidos, que fazem uma tentativa de desistir, falham. E eles voltam a fumar. Eu acho que em qualquer país, precisamos estar provendo aos fumantes preocupados com outras opções. Mas tem que ser em um mercado regulado de forma adequada. Não podemos deixar isso só para a indústria”.
BRASIL
Com a proibição deste produtos no Brasil, os cerca de 4 milhões de consumidores no país utilizam produtos ilegais, o que para o ex-diretor da FDA aponta que há interesse do fumante brasileiro em outras opções. “Se você tem uso amplo de cigarros eletrônicos, que segundo a política atual é um produto ilícito e ilegal, uma das coisas que eu acho que devemos tirar disso é que isso significa que há um monte de fumantes no Brasil que estão interessados em outras opções. E isso significa que o regulador, os pesquisadores, os médicos, todos os profissionais de saúde, precisam pausar e se perguntar, novamente, em um mercado regulado, qual é o papel de qualquer dessas alternativas e produtos potencialmente menos danosos”, conclui.