O uso de agrotóxicos na agricultura é amplamente debatido e nos últimos meses foram autorizados novos produtos deste tipo. Só em 2018 foram aprovados 450 registros, o maior número em ao menos 13 anos, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em 2005, foram 91 registros, e em 2015, 139. Ao mesmo tempo, os casos envolvendo intoxicação por uso destes produtos acaba exigindo atenção dos órgãos de saúde pública. Em três anos Venâncio Aires teve 37 casos deste tipo.
Em 2015 foram 5 notificações, no ano seguinte foram 16 notificações e em 2017 (último ano de registros oficiais) outras 16 notificações. Os casos são monitorados e registrados pela Vigilância Epidemiológica. Para efeito de comparação, em igual período foram registrados 232 casos de intoxicações em geral, a maior parte por uso de medicamentos (2015 foram 55, 2016 outros 40 e em 2017 foram 137 casos).
As notificações registradas por uso de agrotóxicos envolve casos de inalação, contato com a pele e exposição aos produtos químicos. E é justamente este o ponto de orientação dos representantes do setor da saúde. Conforme a enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller, ainda há produtores rurais que não utilizam os Equipamentos de Proteção (EPIs). “Existe uma resistência no uso de EPIs por parte dos agricultores. Muitas vezes, o conjunto de sinais e sintomas de uma possível intoxicação pode ser confundida com doenças de evolução parecida, o que dificulta o diagnóstico,” destaca.
ACOMPANHAMENTO
A maior parte dos casos de intoxicação são atendidos pelo Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). O caso suspeito é notificado em ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e encaminhado ao setor de Vigilância Epidemiológica. Após a equipe de saúde entra em contato com o paciente ou familiar para o fechamento dos casos. Se o registro tiver relação direta com o trabalho, então é correlacionado com doença de trabalho, e passa a ser registrado na Vigilância da Saúde do Trabalhador. No hospital o paciente que registrar a intoxicação permanece em observação ou até internação para acompanhamento clínico.
CASOS
No município a grande maioria das notificações de intoxicações que chegam na Vigilância Epidemiológica envolve o uso de medicamentos, mas de forma intencional como tentativa de suicídio. E ainda há casos em que a exposição é acidental, principalmente quando se trata de crianças. Entretanto, desde 2015 não houve registro de tentativas de suicídio por uso de agrotóxico em Venâncio Aires.
BRASIL
De 2007 a 2017, data do último levantamento oficial, foram notificados cerca de 40 mil casos de intoxicação aguda por causa deles. Quase 1.900 pessoas morreram. Segundo maior produtor de grãos do país, o Paraná é o estado com o maior número de casos relatados – e também o que tem o sistema mais eficiente de notificações. Na safra 2017/ 2018 o país produziu cerca de 228 milhões de toneladas de grãos. E consumiu quase 500 mil toneladas de agrotóxicos em 2017, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).