Os gaúchos têm se interessado pelo cigarro eletrônico nos últimos dois anos. Levantamento no Google Trends entre 2021 e 2023 no estado, mostra que a procura pelo termo ‘vape cigarro eletrônico’ cresceu em mais de 150% e por ‘cigarro eletrônico preço’, mais de 100%. No Brasil, a busca na internet por ‘cigarro eletrônico’ representa mais de 1.150%; já os termos ‘vape eletrônico’ e ‘cigarro eletrônico vape’ demonstraram aumento da procura em mais de 550% e mais de 650%, respectivamente, em todo o território nacional.
Também nos últimos dois anos, a Receita Federal tem dado especial atenção ao combate ao contrabando de cigarro eletrônico, cuja importação e comercialização é proibida no Brasil. Foram registradas 1,1 milhão de unidades apreendidas em 2022. Em uma única operação nacional, com duração de apenas um dia, em julho do ano passado, foi realizada a apreensão de 290 mil unidades de cigarros eletrônicos.
Para a indústria legal que fabrica os dispositivos, o maior interesse do público é resultado da oferta indiscriminada de produtos ilegais. Muitas vezes, o consumidor não tem o conhecimento de que 100% da comercialização no país é proveniente de contrabando, já que os produtos permanecem proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Sem uma regulamentação que estabeleça as regras para comercialização, fabricação, comunicação e conteúdo desses produtos, todos esses consumidores estão expostos a produtos ilegais e desconhecem qual é a procedência, quem são os fabricantes ou qual é a composição real desses dispositivos”, explica Alessandra Bastos, farmacêutica, ex-diretora da Anvisa e consultora da BAT Brasil.
Os perigos dos produtos ilegais vendidos no Brasil são inúmeros, explica a especialista, e a exposição do tema nas redes sociais potencializa os riscos. No aplicativo TikTok, por exemplo, há perfis com mais de 40 mil seguidores que dão dicas de onde comprar o dispositivo. No Instagram, lojas para a compra dos dispositivos ilegais também acumulam seguidores e engajamento, e são facilmente encontradas nas buscas dentro e fora da rede social.
CONSUMO
Segundo Pesquisa Ipec, mais de 2 milhões de adultos utilizam cigarros eletrônicos no Brasil e a projeção é de que esse número cresça ainda mais esse ano. Frente aos números, a ex-diretora da Anvisa destaca a importância da regulamentação que estabelecerá normas claras.
“A proibição, que inicialmente foi uma medida de proteção já que há 14 anos não existiam muitos estudos científicos sobre o assunto, hoje inviabiliza o acesso a essa opção, de forma monitorada e fiscalizada, além de deixar o consumidor totalmente vulnerável para adquirir um produto sem qualquer tipo de controle sanitário”, comenta Alessandra.
Ela reforça que os cigarros eletrônicos não são inócuos, porém, quando regulamentados são consideradas alternativas de risco reduzido em relação ao cigarro convencional, como ocorre em cerca de 80 países que já regulamentaram os produtos. Cita como exemplo relatório do governo inglês (Nicotine vaping in England: 2022 evidence update summary”), publicado em setembro de 2022, concluiu que os vaporizadores são até 95% menos prejudiciais à saúde, ou seja, 20 vezes menos nocivos.
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